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Crianças aprendem que o Papai Noel mantém uma lista de quem foi bom e quem foi travesso durante o ano para ganharem presentes - Foto: Pixabay

Acreditar no Papai Noel não faz as crianças se comportarem melhor, diz estudo

Pesquisadores das Universidades de Durham, Oxford, Edinburgh e Leeds, do Reino Unido, afirmam que essa teoria não contribui para que os pequenos se comportem

As crianças aprendem que o Papai Noel mantém uma lista de quem foi bom e quem foi travesso durante o ano — e apenas as crianças boazinhas ganham presentes na noite de Natal. Para muitos pais, essa é uma boa forma de incentivar os pequenos a se comportarem. Mas, segundo um novo estudo, parece que não é bem assim. Pesquisadores das Universidades de Durham, Oxford, Edinburgh e Leeds, do Reino Unido, afirmam que essa teoria não contribui para que os pequenos se comportem.

O estudo investigou o comportamento de mais de 500 crianças durante três Natais para descobrir quem eram as “travessas” e quem eram as “boazinhas”. O resultado surpreendeu — embora acreditar no Papai Noel não fizesse as crianças agirem melhor, participar de atividades familiares, como cantar canções de natal e arrumar as decorações, sim.

Sobre o estudo

Para chegar a esse resultado, a equipe recrutou 533 crianças com idades entre 4 e 9 anos, acompanhadas durante três Natais – 2019, 2021 e 2022. Os especialistas pediram aos pais que relatassem o comportamento dos seus filhos em dois momentos: até seis semanas antes do Natal e na semana anterior ao dia de Natal.

A avaliação do comportamento ocorreu por meio de seis medidas: “generosidade” (compartilhar com os outros e convidar outros para brincar); “respeito” (respeitar a autoridade e as regras); “ajuda” (contribuir nas tarefas domésticas); “conforto” (confortar aqueles que estavam se sentindo mal); “eruptividade” (ser agressivo com os outros) e “egoísmo” (tomar coisas que não lhes pertenciam, mentir e ter crises de raiva).

Os pais também foram questionados sobre o nível de crença de seus filhos no Papai Noel e o quanto eles se envolviam em atividades festivas. Ou seja, como montar uma árvore, cantar canções natalinas, ouvir músicas de Natal, comer comida de Natal, frequentar os cultos da igreja de Natal e assistir a filmes de Natal.

No geral, os pesquisadores não encontraram qualquer ligação entre a crença no Papai Noel e o bom comportamento. No entanto, observaram que as crianças se comportavam melhor à medida que o dia 25 de dezembro se aproximava. Mas apenas nas famílias que participaram de tradições, como decorações e canções de Natal. “Embora o efeito seja pequeno, ele é observado de forma confiável e é atribuído, principalmente, à participação em rituais natalinos”, afirma a equipe.

Tradições de Natal contribuem para o bom comportamento das crianças

Os pesquisadores reforçam que os rituais positivos que promovem o bom comportamento incluem colocar decorações, cantar canções de Natal e comer comidas festivas. Em comparação com o mito do Papai Noel, estas atividades são melhores para canalizar naturalmente a alegria do Natal e, consequentemente, fazer com que as crianças se comportem bem. Eles oferecem uma distração, uma rotina normal que traz à tona comportamentos positivos de uma forma que acreditar no Papai Noel não consegue.

O autor principal do estudo, Rohan Kapitany, psicólogo da Universidade de Durham, acha que os pais deveriam priorizar rituais de Natal mais “custosos” – aqueles que exigem mais esforço – com seus filhos, para que eles se comportem bem nos próximos dias. “Parece que os rituais mais ‘puxados’ provavelmente têm uma influência maior no comportamento [das crianças]”, disse o professor Kapitany ao MailOnline.

Os pais devem incentivar a ideia de que o Papai Noel existe?

Mas, então, será que os pais devem contar aos filhos que o Papai Noel é real? Para Thiago Queiroz, educador parental, não há uma resposta certa para isso. “Não há uma única forma de enxergar essa questão, porque as famílias são muito plurais, seja por conta das diferentes religiosidades, seja por aspectos culturais que permeiam por seus membros”, explicou.

Thiago Queiroz contou como é na família dele. “Aqui em casa, entendemos que a fantasia faz parte da vida das crianças, desde os primeiros anos de vida. Até os 7 anos, por exemplo, o mundo é perfeito para os pequenos. Portanto, por que deveríamos entregar todas as verdades nuas e cruas do universo para elas? Penso que somos mais como filtros da realidade para nossos filhos. E isso é bem diferente de mentir para eles”, disse.

Seus filhos acreditam no Papai Noel? “Mas não fazemos um esforço ativo para que eles acreditem, além de colocarmos escondidos os presentes na árvore de Natal. Encaramos tudo com muita naturalidade, até o momento em que começam a desconfiar de que, talvez, o Papai Noel não exista”, afirmou.