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Ação dos agricultores espanhóis marca início de mobilizações que pode se intensificar caso demandas não sejam atendidas acordo UE-Mercosul - Foto: Reprodução

Agricultores espanhóis protestam contra “concorrência desleal” do acordo UE-Mercosul

Ação dos Agricultores espanhóis marca o início de uma agenda de mobilizações que pode se intensificar caso não atendam as suas demandas

Milhares de agricultores e empresários espanhóis do setor pecuário tomaram as ruas de Madri nesta segunda-feira (16), para expressar insatisfação com o acordo de comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Eles classificaram o tratado como uma “concorrência desleal” para os produtores europeus.

A manifestação, organizada pelas associações agrícolas ASAJA e COAG, reuniu aproximadamente 1.500 participantes, segundo a polícia, e 5.000, de acordo com os organizadores.

Concentrados em frente ao Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação, os manifestantes utilizaram apitos, rojões e faixas com mensagens como “Stop Mercosul” e “Concorrência desleal”.

Os protestos marcam o início de uma agenda de mobilizações que pode se intensificar caso as demandas dos agricultores não atendidas.

Ameaças

As organizações alertam que acordos semelhantes com países como Chile, Marrocos e Nova Zelândia, também ameaçam a agricultura europeia, promovendo a entrada de produtos abaixo do custo de produção e sem seguir as normas ambientais e sanitárias da UE.

Além disso, os manifestantes acusaram o governo espanhol de priorizar o acordo com o Mercosul em detrimento dos agricultores locais. Eduardo Eraso, um dos organizadores, afirmou que novas manifestações estão previstas caso as demandas não ouvidas.

Ministro defende o acordo

Em resposta aos protestos, o ministro da Agricultura, Luis Planas, destacou que o acordo UE-Mercosul representa uma “grande oportunidade” para o setor agroalimentar espanhol.

Planas também mencionou a existência de cláusulas de salvaguarda, que permitem reagir a possíveis distorções no mercado. Dessa forma, sugeriu a criação de um fundo de compensação para setores impactados.

Apesar das declarações, os agricultores seguem céticos quanto aos benefícios do tratado, questionou Miguel Padilha, secretário-geral da COAG.

O acordo

O tratado UE-Mercosul assinado em dezembro de 2024, em Montevidéu, aguarda ratificação pelos países-membros dos blocos. Ele inclui disposições para facilitar o comércio entre as duas regiões, mas também gera preocupação sobre a competitividade dos produtores europeus frente às normas menos rígidas aplicadas no Mercosul.

Café e sete tipos de frutas do Mercosul – abacate, limão, lima, melão, melancia, uva de mesa e maçã – terão alíquota zero para exportação, sem cotas. Produtos como carne e açúcar seguirão com cotas e tarifas reduzidas, aplicando a desgravação tarifária gradualmente, em prazos de até 12 anos.

O texto final também contrariou a expectativa de países como França e Polônia, que almejam restringir os produtos do continente sul-americano para não perderem competitividade. Existe a possibilidade de Itália, Países Baixos e Áustria se oporem ao acordo.

A mobilização desta segunda-feira, reflete o temor de que os agricultores enfrentem uma primavera de instabilidade. Isto é, com cortes de estradas e novos protestos caso não atendam as suas reivindicações.