Airon Martin saiu de um cabaré no Mato Grosso para brilhar com grife na São Paulo Fashion Week
Três anos e meio atrás, quando começou a esboçar uma carreira na moda, o designer mato-grossense Airon Martin refletia sobre o que seria o Brasil e quem seriam realmente as pessoas que no país habitam. Esbarrou na questão da miscigenação, mas olhou para além da raça.
A mistura estava nas artes, na cultura, na arquitetura. Para concluir o curso de Design de Produto, criou peças de mobiliários e roupas. Foi um sucesso, nota 10 com louvor e assim nasceu ali a Misci, uma das grifes mais incensadas da nova geração que invadiu as passarelas da São Paulo Fashion Week.
“Enxergo a marca como uma plataforma, um veículo para falar da potência brasileira. Porém, trago um país menos caricato. Já busquei inspiração em botecos, mas imprimi uma versão do que acredito ser fino e elegante”, explica Martin, de 30 anos.
“Cresci numa família só de mulheres. Minha avó materna era dona de cabaré em Sinop, uma cidade no interior do Mato Grosso. Fui criado nesse ambiente, um caldeirão de referências. No futuro, quando estiver mais maduro como designer, quero desenvolver uma coleção baseada nas meninas que conheci nesse lugar. Pois elas merecem respeito e cuidado”, completa.
Inspirações
Entusiasta do trabalho da estilista Phoebe Philo, ex-diretora criativa da Celine e da Chloé, ele conta que a mãe é outra grande fonte de inspiração.
“Ela é o tipo de mulher cuja presença notamos à distância, sempre cheia de pulseiras. Usa roupa de couro sob sol escaldante e carrega uma sensualidade impressionante. A mulher da minha marca tem o minimalismo e o rigor da Phoebe, mas com um tiquinho do tempero brasileiro.”