Assassinos da Lua das Flores estrelado por Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone, traz resgate antropológico sobre dizimação dos povos originários norte-americanos
Após passagem pelos cinemas, e celebrado pela crítica, Assassinos da Lua das Flores está disponível para locação no serviço de streaming. Indicado a sete Globos de Ouro, e vencedor dos tradicionais National Board of Review e Associação de Críticos de Nova York. O longa chega à temporada de premiações de fim de ano como um dos favoritos ao próximo Oscar.
Não é um Martin Scorsese com o impacto de clássicos como “Táxi Driver”, ou mesmo na deliciosa comédia de erros “Depois de Horas”. Mas é um projeto ambicioso, que cumpre seu objetivo.
Ou seja, fazer um resgate quase antropológico sobre a dizimação dos povos originários norte-americanos. Assim como também promover um estudo da história “sanguinária” que levou à construção da identidade de uma nação marcada pelo racismo, como os Estados Unidos.
Na trama baseada na literatura de David Grann, acompanhamos a força do petróleo nas terras da nação Osage. Isto é, o povo originário norte-americano que fincou raízes no estado de Oklahoma. Tanta riqueza atraiu “intrusos brancos”. Manipularam, extorquiram e roubaram o dinheiro dos Osage, antes de assassinar boa parte da população.
A câmera de Scorsese capta parte da violência com perfeição estética, desde tomadas grandiloquentes – abusando do plano geral para registrar a grandiosidade do “Velho Oeste”, fruto do esmerado ofício do fotógrafo Rodrigo Prieto -, como na sempre firme direção de atores de Martin.
Mas, sim: as quase 3h30 de projeção podem cansar, especialmente se você não for habituado à narrativa sempre detalhista do criador de “Os Bons Companheiros”.
Atuações
Por falar em atuações, destacamos Robert de Niro e Lily Gladstone, favorita ao Oscar de Melhor Atriz. Como em alguns momentos da carreira, Scorsese optou por uma produção “pesada” e linear, um tanto conservadora (não que isso seja problema).
“Assassinos da Lua das Flores” é praticamente uma antítese de produções que fisgam muitos fãs de Scorsese. Assim, podemos conferir um cineasta mais leve, ousado e sem o “peso” de dirigir um filme com orçamento milionário.
Nesse escopo, podemos apontar a agilidade do citado “Depois de Horas” (1985), que consagrou nomes como Griffin Dunne, Rosanna Arquette e Linda Fiorentino. A certeira crítica às mídias de “O Rei da Comédia”; o classicismo de Luchino Visconti, escancarado em “A Época da Inocência”, ou mesmo da humanidade de “Alice Não Mora Mais Aqui”, que rendeu um merecido Oscar a Ellen Burstyn.