Boris Johnson não quer eleições antecipadas enquanto renúncias em protesto a sua legitimidade ocorrem
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, descartou nesta quarta-feira (6) a possibilidade de convocar eleições antecipadas, apesar da renúncia de 27 membros de seu governo em menos de 24 horas, em protesto contra a legitimidade de um líder cercado por escândalos.
“Realmente, não acho que ninguém neste país queira que os políticos se dediquem agora a fazer campanha eleitoral. E acho que precisamos continuar servindo aos nossos eleitores e nos ocupando dos temas com os quais eles se preocupam”. Assim declarou Johnson a um comitê especial formado pelos presidentes das diferentes comissões parlamentares.
Cinco secretários de Estado (cargos equivalentes ao de ministro) do governo de Boris Johnson renunciaram em carta conjunta entregue nesta quarta-feira. “De boa-fé, devemos pedir-lhe que, pelo bem do partido e do país, que se afaste”. É o que afirma o grupo em sua carta, em meio ao número cada vez maior de pedidos de renúncia de Johnson entre as fileiras de seu próprio Partido Conservador.
“Integridade” do governo
A renúncia do secretário da Saúde, Sajid Javid, e a do secretário das Finanças, Rishi Sunak, dois pesos pesados do Executivo e do partido, ocorreram horas depois de Johnson se desculpar muitas vezes.
O primeiro-ministro reconheceu que cometeu um “erro” ao nomear Chris Pincher. Um funcionário conservador, para um importante cargo parlamentar, que na semana passada se demitiu acusado de apalpar, embriagado, dois homens.
O governo reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado de alegações anteriores contra Pincher em 2019, mas as “esqueceu”.
Os britânicos esperam que o governo se comporte de maneira “competente” e “séria”, e “é por isso que estou me demitindo”, escreveu Sunak. De sua parte, Javid considerou que os britânicos precisam da “integridade de seu governo”.
De acordo com uma pesquisa realizada nesta quarta-feira pela consultoria Savanta ComRes, três em cada cinco eleitores conservadores acreditam que Johnson não pode recuperar a confiança do público e 72% acham que ele deveria renunciar.