Decisão da volta do Brasil a Celac foi anunciada pelo Itamaraty
Dois anos após deixar a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o Brasil voltará a integrar o bloco regional, Celac, composto por outros 32 países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a decisão do anúncio aos representantes dos países-membros aconteceu nesta quinta-feira (5).
Assim também, o anúncio da medida ocorreu com os governos de países e de grupos de nações com que a Celac tem relações, como a União Europeia, China, Índia, Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e da União Africana.
Ainda de acordo com o Itamaraty, o regresso brasileiro à Celac ocorrerá “de forma plena e imediata, a todas as instâncias do mecanismo [de concertação regional], tanto as de caráter político como as de natureza técnica”.
“O retorno do Brasil à comunidade latino-americana de Estados é um passo indispensável para a recomposição do nosso patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional”, sustentou o Itamaraty, em nota.
Histórico
A fundação da Celac aconteceu em fevereiro de 2010, com a participação direta do Brasil, que, ainda em 2018, sediou a I Cúpula de Países da América Latina e Caribe, reunindo representantes dos 33 países.
Desde sua criação, a Celac tem promovido reuniões sobre os diversos temas de interesse das nações latino-americanas e caribenhas, como educação, desenvolvimento social. Assim como cultura, transportes, infraestrutura e energia, além de ter se pronunciado em nome de todo o grupo por ocasião de assuntos discutidos globalmente. Além disso, o desarmamento nuclear, a mudança do clima e a questão das drogas, entre outros.
Em janeiro de 2020, o governo chefiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu suspender a participação brasileira no grupo. A medida anunciada pelo então chanceler, Ernesto Araújo. O ministro justificou a medida afirmando que “a Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não-democráticos como os da Venezuela, Cuba, Nicarágua”. O fim do bloqueio norte-americano a Cuba é uma reivindicação histórica do bloco.
Diplomacia
A decisão de reintegrar o Brasil à Celac faz parte do projeto de “restaurar a diplomacia brasileira” e reconstruir pontes com países sul-americanos.
Já eleito, Lula viajou para o Egito, onde participou da COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Na ocasião, ele disse que o Brasil está “de volta”, referindo-se ao desejo de assumir protagonismo global. Mas pouco depois, Lula anunciou que sua primeira viagem internacional já como presidente será para a Argentina. Sendo assim, participará da Cúpula da Celac, agendada para o fim de janeiro.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula pretende implantar uma política de reconstrução de pontes, em primeiro lugar com os vizinhos sul-americanos, restabelecendo todos os mecanismos de contato e negociação, e também com América Latina, em geral.
Fonte: Agência Brasil