O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que há indícios de que a ButanVac, vacina que o instituto está desenvolvendo contra a Covid-19, produza o dobro de anticorpos que outros imunizantes já disponíveis no mundo.
“Estamos perto de estudos clínicos e temos esperança grande que essa vacina nos dê independência. Pelos dados pré-clínicos, ela terá eficácia maior que todas as outras vacinas. Do ponto de vista de produção de anticorpos ainda não temos doses definidas, mas nas doses regulares produz o dobro de anticorpos que produzem todas essas vacinas do mercado atualmente”, afirmou Covas.
Sobre a meta do estado de São Paulo de vacinar com pelo menos uma dose toda sua população adulta até 15 de setembro, Covas afirmou que será preciso um “grande esforço logístico” para ser alcançada.
De acordo com ele, o calendário de imunização do estado, que foi adiantado pelo governador João Dória no último domingo, é possível, mas é preciso considerar o quantitativo enviado pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que ele avalia não estar respondendo adequadamente. Ele afirma que para atingir esta meta, será preciso acelerar a vacinação em até três vezes.
“O PNI tem, de uma certa maneira, não respondido a esses desafios —e tem jogado para estados, que estão conduzindo seu programa estadual. Aqui em São Paulo tem seu grupo, que deve estar levando essas opções em consideração, fazendo isso em conjunto com municípios. Essas políticas têm que ser reforçadas”, avaliou.
Com base no atual cronograma, todos os adultos de São Paulo devem receber a segunda dose entre o final do ano e o início de 2022, considerando o intervalo entre doses estabelecido por cada fabricante. O diretor destaca que até o final do ano uma parte da população do estado já deve estar “totalmente coberta” por algum imunizante.
Outro tema levantado pelo diretor na entrevista é a possível necessidade da aplicação de dose de reforço. De acordo com ele, esse reforço será anual e deve ser feito no início de cada ano.
“Alguns países na Europa têm data para a aplicação da dose de reforço para outubro, para começar um reforço de inverno. Aqui no Brasil ainda não se iniciou essa programação, porque nem se cumpriu a primeira fase da imunização. Mas, obviamente, depois dela tem que se pensar na dose de reforço”, disse.
E completou: “Para todas as vacinas, o que sabemos hoje é que a imunidade decai muito a partir do oitavo mês da aplicação. Isso serviu de base lá na Europa e também se aplica aqui. A minha previsão é que seja necessário um reforço anual, principalmente no início do ano. Aqui no Brasil não temos um inverno rigoroso, mas temos um aumento de doenças infecciosas respiratórias no outono e no inverno”.
Isso serviu de base lá na Europa e também se aplica aqui. A minha previsão é que seja necessário um reforço anual, principalmente no início do ano. Aqui no Brasil não temos um inverno rigoroso, mas temos um aumento de doenças infecciosas respiratórias no outono e no inverno”.
Covas garantiu que o Instituto Butantan já está se programando para a necessidade de doses de reforço e estuda inclusive o desenvolvimento de uma vacina que tenha uma efeito imunizante duplo: contra o coronavírus e o vírus da gripe.
“É um desenvolvimento que leva em consideração a ButanVac e a vacina da gripe que o Butantan produz. As duas plataformas estão sendo munidas, estamos com desenvolvimento, prevendo uso necessário de uma vez por ano para o reforço para gripe e covid”, afirma.
Fonte: bbc