Câmara aprova projeto de Economia Circular (PNEC)
A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que institui a Política Nacional de Economia Circular (PNEC) para promover a transição para um modelo econômico sustentável, regenerativo e inclusivo. A proposta será enviada ao Senado.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) é autora do Projeto de Lei 3899/12, aprovado com substitutivo do deputado Luciano Vieira (Republicanos-RJ). O texto do projeto que tramita na Câmara define a economia circular como o sistema econômico que mantém o fluxo circular de recursos finitos por meio da redução de resíduos, circulação de produtos e materiais, bem como da regeneração.
Além disso, o projeto cria o Fórum Nacional de Economia Circular, composto por ministros de Estado, representantes da sociedade civil e dos setores industrial, comercial, agropecuário e de serviços. Esse fórum estimulará a criação de outros fóruns nos âmbitos estaduais e municipais para incentivar a elaboração de planos de ação sobre o tema e a transição justa.
Os planos deverão prever metas quantitativas e qualitativas de redução, reaproveitamento, reciclagem e circularidade de resíduos. Além disso, terão de descrever as medidas técnicas e operacionais para eliminação de rejeitos e promoção do reúso de materiais ao longo do ciclo produtivo.
Incentivos
De acordo com o projeto, o poder público incentivará a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação de tecnologias, processos, novos modelos de negócios e formação de profissionais especializados na economia da circularidade.
Esse incentivo poderá ser, por exemplo, com pesquisa, desenvolvimento e inovação nos processos produtivos, nos modelos de negócios ou pelo desenvolvimento de sistemas de informação que ajudem no registro, no mapeamento e no monitoramento inteligente de estoques e fluxos de recursos.
Compras públicas
Outra forma de participação direta da administração é a determinação de seguir o princípio da circularidade em procedimentos de contratação.
Transição justa
Quanto ao mecanismo de transição justa, o texto lista alguns objetivos:
- apoiar a transição para atividades de baixo carbono e resilientes ao clima;
- estimular a criação de novos empregos na economia circular; e
- promover o acesso ao financiamento para as autoridades públicas locais.
Caberá a esse mecanismo fornecer apoio direcionado às regiões e aos setores mais afetados pela transição para a economia circular.
Para setores e indústrias com alta emissão de carbono, o mecanismo deve apoiar a transição para o uso de tecnologias de baixo carbono e a diversificação econômica baseada em investimentos e na geração de empregos resilientes ao clima.
Execução
O relator, deputado Luciano Vieira, afirmou que a política nacional busca incentivar a transição do modelo linear de consumo para um modelo de economia circular e de baixo impacto ambiental. Além disso, destacou que essa abordagem integrada e orientada à execução visa garantir que os princípios da circularidade se materializem em políticas públicas mensuráveis, metas auditáveis e transformações estruturais, declarou.
De acordo com Vieira, as diretrizes de pouco valerão caso não estejam associadas a mecanismos eficazes de responsabilização e reparação de danos. A experiência brasileira recente demonstra, de forma dolorosa, que os instrumentos tradicionais de comando-e-controle ambiental, bem como a responsabilização penal e administrativa já existentes, têm sido insuficientes para prevenir tragédias socioambientais de grande magnitude. O relator citou o rompimento das barragens de rejeitos de mineração em Brumadinho (MG) e Mariana (MG).
Com regras de responsabilização mais eficientes no Brasil, os administradores e controladores das empresas evitariam atitudes mais arriscadas socioambientalmente. Além disso, seriam mais diligentes na disponibilização de informações aos interessados, na opinião de Vieira.
A autora do projeto, deputada Jandira Feghali, afirmou que economia circular garante reciclagem de materiais, reaproveitamento, transição energética, sustentabilidade e contamina menos o meio ambiente.
Já o deputado Rodrigo da Zaeli (PL-MT) alertou sobre impacto da proposta nas pequenas e médias empresas. “Toda vez que a gente quer agradar um público de minorias, acontece que a maioria paga a conta”, disse.
O processo de discussão e votação do projeto demorou mais de três horas. Alguns dos parlamentares, como o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), defenderam a votação de um texto vindo do Senado. Essa versão, entre outros pontos, previa a participação do agronegócio na economia circular.
Embarcações
Os deputados retiraram a obrigação de embarcações instalarem cercos preventivos durante operações de abastecimento. Além disso, isso vale para limpeza de tanques, retirada de resíduos e outras atividades com risco de derramamento.
“Esse é o famigerado destaque que a Marinha do Brasil nos pede para votarmos ‘não’. O PSD acompanha a Marinha para não prejudicar essa importante instituição”, disse a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).
Para o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), os custos de colocação do aparato de proteção e de fiscalização gerariam uma burocracia desnecessária. “Temos de valorizar quem tem o barco, proteger quem tem o barco, mas não burocratizar e fazer exigências esdrúxulas”, disse.
Para o deputado Gilson Marques (Novo-SC), o texto cria exigências enormes e sobretudo inviabiliza atividades de embarcações estrangeiras no Brasil. “Prestem atenção na absurda exigência e lista enorme que o Brasil está exigindo para que uma operação, que deveria ser livre, não aconteça.”
Incineração
Por fim, o relator do projeto, Luciano Vieira, aceitou mudança sugerida pela federação Psol-Rede para evitar brechas para as indústrias de incineração se beneficiarem da proposta.
De acordo com o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), a incineração não está dentro do contexto da economia circular, e uma má interpretação poderia prejudicar cooperativas de catadores.
Fonte: Ag. Câmara de Notícias


