Painéis do projeto Campo Futuro analisaram as culturas da pecuária de leite, grãos, frutas, silvicultura e aquicultura em cinco estados
O Projeto Campo Futuro promoveu essa semana, 11 painéis para levantar os custos de produção nas cadeias da aquicultura, pecuária de leite, grãos, frutas e silvicultura.
Os painéis aconteceram nas modalidades presencial e online, com a parceria das Federações de Agricultura e Pecuária e a presença de produtores e técnicos de Mato Grosso, Rondônia, Santa Catarina, Bahia e Paraná.
Leite
Na cadeia do leite, o levantamento de custos aconteceu em São Francisco do Guaporé, Ouro Preto do Oeste e Buritis (RO).
De acordo com o técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Leite da CNA, Guilherme Dias, as propriedades analisadas têm entre 65 e 70 hectares de área total e produção em torno de 70 a 80 litros/dia, com mão de obra majoritariamente familiar, com uso ou não de tecnologias para produção de forragem para os períodos de escassez.
Frutas
No Paraná, o Campo Futuro levantou os custos da maçã na região de Lapa. A propriedade analisada possui 20 hectares com o cultivo da maçã Eva, em sistema não irrigado e semimecanizado com colheita manual. A produção se destina ao mercado e à indústria.
Letícia explicou que um painel semelhante realizado em 2018 e, à época, a propriedade modal, possuía plantios das variedades Eva e Gala, áreas mais expressivas e menor participação de maçã indústria na comercialização.
Grãos
A análise dos custos de produção aconteceu em Xanxerê, Campos Novos e Araranguá (SC).
De acordo com o levantamento, a safra 2023/24 em Xanxerê de margens foram mais apertadas devido ao menor preço de negociação e queda na produtividade de soja, milho e trigo devido ao fenômeno El Niño.
Para a soja, a produtividade média relatada pelos participantes foi 24% menor (62 sacas/ha) que a safra passada (77 sacas/ha). Segundo o técnico de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Tiago Pereira, para o milho e trigo, as reduções foram de respectivamente 18% (160 sacas/ha) e 28% (57 sacas/ha). Além do clima adverso, os preços também reduziram no período. Para a soja, o preço médio de comercialização caiu 15%, enquanto para o trigo a redução foi de 14%.
Em Campos Novos, a safra 2023/24 também sofreu um achatamento significativo das margens dos produtores rurais. A combinação de baixas produtividades devido ao clima adverso e preços pouco atrativos resultou em uma temporada desafiadora para a soja, milho e trigo.
Silvicultura
Na Bahia, o projeto analisou a cultura do eucalipto em Teixeira de Freitas e Eunápolis. A propriedade modal analisada nos dois municípios é de 100 hectares, com produção e Incremento Médio Anual (IMA) de 35 m 3 /ha/ano e 38 m3/ha/ano, respectivamente. Nas duas localidades, a madeira se destinou à produção de celulose.
Aquicultura
Na área de aquicultura o Campo Futuro analisou dados da produção em Sorriso e Cuiabá (MT).
Em Sorriso, realizaram levantamento do custo de produção do Pintado da Amazônia em uma propriedade modal característica da região de 2000 hectares. Assim como produção em cinco viveiros escavados de área de 2ha cada.
A produção tem duração de aproximadamente 365 dias, ou seja, um ciclo por ano, com produtividade média de 152 toneladas. O item de maior impacto no Custo Operacional Efetivo (COE) foi a ração, sendo responsável por 60,2% dos desembolsos realizados pelos produtores com a atividade. Sendo assim, as despesas administrativas foram responsáveis por 20,8% e 6,7% mão-de-obra.
Na região de Cuiabá, o painel analisou a produção de Tambatinga, em uma propriedade com área total de 50ha e produção em lâmina d’água de 5ha, com 10 viveiros escavados de 0,5ha cada, alojando 25 mil alevinos em média e mortalidade de 15% com ciclo de produção anual de 365 dias.
De acordo com o levantamento, essa propriedade apresentou resultados econômicos positivos, com margem bruta de R$ 1,01. Os insumos mais representativos e onerosos à produção são ração, administrativo e mão-de-obra, representando 68,9%, 16,9% e 5,6% do Custo Operacional Efetivo (COE).