As cantigas de roda foram parte da infância de muita gente, mas você sabe o que elas representam ou como surgiram?
É quase impossível atravessar a infância sem nunca ter cantado as cantigas de roda. As cantigas são elementos da cultura popular brasileira, e têm como característica o fato de serem bem ritmadas, com letras fáceis, onomatopeias e repetição de palavras (o que facilita a memorização das crianças). Além disso, elas normalmente se cantam em grupo, em posição de roda, enquanto dançam.
Estas canções são consideradas patrimônio cultural do país. Sua autoria é desconhecida, mas sabemos que, provavelmente, foram criadas coletivamente; ou seja, alguém em algum lugar começou a cantar uma música; outras pessoas ouviram e acrescentaram um verso; outras colocaram uma estrofe, e assim por diante.
As cantigas de roda são importantes durante a infância por várias razões. Uma delas é que estas músicas estimulam o raciocínio, a musicalidade e a memorização nas crianças. E como são cantadas em grupo (a roda se refere à atividade dos pequenos que estão unidos em círculo), elas incentivam também que haja o compartilhamento e a convivência.
Confira então alguns fatos interessantes sobre estas cantigas.
Elas tendem a envolver as crianças pelas histórias
Músicas como “Atirei o pau no gato”, “A barata diz que tem” e “Sapo cururu” tem seu foco em animais, tema que costuma interessar os pequenos. Isto não é por acaso: a aproximação a assuntos do universo das crianças faz com que elas fiquem bastante engajadas com a letra, e não apenas com o ritmo da música. Esta é uma das razões pelas quais elas não costumam esquecer das cantigas.
Boa parte destas canções veio da Europa
A maior parte das cantigas de rodas que conhecemos vieram por meio de imigrantes espanhóis e portugueses, com a colonização. Com o tempo, claro, elas foram ganhando novas versões, sempre modificadas e adaptadas para o português do Brasil.
Não sabemos exatamente quando foi a criação das primeiras cantigas infantis, mas temos algumas pistas. O primeiro livro que juntou cantigas de roda se chamava Tommy Thumb’s Song Book e teve publicação por Mary Cooper em 1744, na Inglaterra. Acredita-se que estas cirandas foram feitas para ajudar as crianças a dormir.
Algumas referem-se a momentos condenáveis da história
Já cantou os versos “Samba Lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada, Samba Lelê precisava é de uma boa palmada”? Pois saiba que ela se refere a um escravo que, por desobedecer ao seu senhor, merece apanhar. Obviamente que as crianças e os educadores que repetem a música não estão louvando o horror da escravidão, mas inconscientemente acabam perpetuando essas histórias.
Elas ensinam as crianças a lidar com o sofrimento
Hamilton Catette ainda destaca outro fator fundamental nestas canções antigas: elas auxiliam as crianças no aprendizado sobre o sofrimento, trazendo consciência sobre a dor e segurança em relação a ela.
O psicólogo informa que músicas como “Atirei o pau no gato” ou “Samba Lelê” fazem com o que os pequenos comecem “a aprender como lidar com o sofrimento. Por isso essas canções perduram tanto, assim como os contos de fadas”.