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Segundo Casa Branca, Rússia dá o 1º calote de dívida externa

Sanções levam Rússia a dar 1º calote de dívida externa e Kremlin nega a situação

A Rússia deu calote em seus títulos soberanos estrangeiros pela primeira vez em mais de um século, disse a Casa Branca; uma vez que as sanções abrangentes efetivamente excluíram o país do sistema financeiro global e tornaram seus ativos intocáveis.

O Kremlin, que tem o dinheiro para fazer os pagamentos graças às receitas de petróleo e gás, rapidamente rejeitou as afirmações; e acusou o Ocidente de conduzir o país a um “default artificial”.

Uma autoridade norte-americana disse nesta segunda-feira que a inadimplência mostra quanto as sanções estão impactando a economia da Rússia.

“A notícia desta manhã sobre a descoberta da inadimplência da Rússia, pela primeira vez em mais de um século; situa a força das ações que os EUA, juntamente com aliados e parceiros tomaram; bem como o impacto na economia russa”, disse autoridade dos EUA durante a cúpula do G7 na Alemanha.

Sanções

Mais cedo, alguns detentores de títulos disseram que não haviam recebido juros vencidos nesta segunda-feira; logo após o fim de um prazo importante de pagamento um dia antes.

A Rússia tem lutado para cumprir os pagamentos de US$ 40 bilhões em títulos em circulação desde sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro; uma vez que as sanções abrangentes cortaram o país do sistema financeiro global e tornaram seus ativos intocáveis para muitos investidores.

O Kremlin rejeitou rapidamente as alegações de que deu calote e acusou o Ocidente. A Rússia vem afirmando que tem dinheiro para pagar; chamando o então calote de artificial já que as sanções impedem os detentores de títulos estrangeiros de receberem o dinheiro.

Em uma ligação com repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia fez os pagamentos de títulos com vencimento em maio; mas o fato de terem sido bloqueados pela Euroclear por causa das sanções ocidentais à Rússia “não é problema nosso”.

Inadimplência artificial

O Ministério das Finanças disse que “as ações dos intermediários financeiros estrangeiros estão além do controle do governo russo”; pedindo aos detentores de títulos estrangeiros que falem diretamente com aqueles que detêm os pagamentos.

“O não recebimento de dinheiro pelos investidores não ocorreu devido à falta de pagamento; mas devido às ações de terceiros, o que não é explicitado diretamente como uma situação de inadimplência pela documentação da emissão”, acrescentou o ministério.

O Kremlin tem repetidamente dito que não há motivos para a Rússia dar calote; mas não pode enviar dinheiro aos detentores de títulos por causa das sanções; acusando, portanto o Ocidente de tentar levá-lo a uma inadimplência artificial.

O presidente Vladimir Putin ordenou na semana passada que as obrigações da dívida sejam consideradas cumpridas; uma vez efetuado um pagamento em rublos equivalente ao valor em divisas estrangeiras. Os detentores de títulos precisariam abrir uma conta em um banco russo para assim receber o pagamento.

Período de carência de 30 dias

Os esforços da Rússia para evitar o que seria seu primeiro grande calote em títulos internacionais desde a revolução Bolchevique, em 1918, atingiram um problema intransponível no final de maio; ou seja, quando o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos efetivamente bloqueou Moscou de fazer pagamentos.

“Desde março achávamos que um default russo seria provavelmente inevitável, e a questão era apenas quando”; disse Dennis Hranitzky, chefe de litigação soberana da empresa de direito Quinn Emanuel, antes do prazo de domingo.

Os pagamentos em questão são de 100 milhões de dólares em juros sobre dois títulos; um denominado em dólares e outro em euros, que a Rússia deveria pagar em 27 de maio. Os pagamentos tinham um período de carência de 30 dias, que expirou no domingo.

O Ministério das Finanças da Rússia disse que fez os pagamentos ao seu Depósitário Nacional de Liquidação (NSD, na sigla em inglês) em euros e dólares; assim acrescentou que cumpriu com as obrigações.

Sem prazo exato especificado no prospecto, advogados dizem que a Rússia pode ter até o final do dia útil seguinte; isto é, prazo final para pagar os detentores dos títulos.

Agências de classificação de crédito em geral rebaixam formalmente o rating de um país para refletir o calote; mas isso não se aplica no caso da Rússia, já que a maioria das agências já não classificam mais o país.