Líderes da Meta, TikTok e de agências refletem sobre as melhores práticas para se comunicar com o público da geração Z de maneira eficaz
Nascidos entre 1995 e 2010, a geração Z é conhecida como a primeira geração nativa digital, que nasceu com a internet à sua disposição. Diferente das outras gerações, que precisaram se adaptar e aprender a usar tais tecnologias, a geração Z já nasceu com esses códigos. Por esse mesmo motivo, tem sua própria forma de se relacionar no ambiente online, o que inevitavelmente modifica a comunicação das marcas neste universo. Com a entrada da GenZ no mercado de trabalho, surge uma nova geração de consumidores com suas próprias características, gostos e valores.
É uma geração online. Eles passam quase 7 horas por dia conectados, como relata um estudo da Kantar Ibope Media. Segundo o mesmo relatório, a GenZ se destaca por sua presença nas redes sociais do que a média da população brasileira, com força no Instagram, TikTok e X (ex-Twitter).
Ainda de acordo com a Kantar, 60% dos GenZ seguem marcas nas redes sociais e 62% conversam com muitas pessoas sobre produtos e serviços. Agora, o grande desafio das marcas é entender como se comunicar com este público ou, ainda, como chamar a atenção em meio a tantas informações e concorrentes.
Ao analisar os hábitos online desta geração, Marcia Granja, sócia da Leeland, agência especializada nesse público, destaca os vídeos curtos como principal formato de consumo de conteúdo. Para além das redes já mencionadas, o YouTube também é uma das plataformas mais usadas, que, juntamente com o TikTok, funcionam para eles como “buscadores”.
Valores
A busca por conexão é uma das características fundamentais desta geração. Há um grande desejo de ter voz e participar das conversas. Por isso, é uma geração que se entende como criadora. “Em vez de apenas receberem conteúdo, eles querem fazer parte dele, buscando uma experiência colaborativa e construtiva”, destaca Laura Chiavone, head de agências da Meta no Brasil.
Além de valorizarem a colaboração e a participação, trata-se de uma geração que foi profundamente impactada pela pandemia, por isso, a saúde física e mental se tornaram temas importantes. Também é um público com olhar para o futuro e de mais consciência. “Esta geração está muito preocupada com causas ambientais, sociais, políticas e diversidade. Como profissionais ou marcas, precisamos entender esses pilares para criar conexões autênticas.”, avalia Gabriela Comazzetto.
Com o fácil acesso à uma imensidão de conteúdos e vontade de participar de conversas, a geração Z é questionadora por natureza. Temas que antes eram tabus, principalmente entre mulheres, ganham destaque e passam a ser debatidos com maior abertura. “Como mulher preta, que nunca teve a pauta racial discutida em casa, a internet me permitiu acessar canais que me educaram sobre questões raciais”, reforça Nohoa.
Neste contexto, o conteúdo precisa atrair a atenção de forma rápida, visual, verdadeira e instigante, prezando ou pelo lado do entretenimento ou do aprendizado. Isso requer uma mudança por parte das marcas, de abandonar os moldes da publicidade tradicional e adotar a gramática das redes sociais. “Essa geração não apenas está conectada, mas dita o conteúdo e a forma como ele é criado e consumido. É natural para eles criarem vídeos e usarem novas linguagens que moldam tanto as marcas quanto os criadores”, diz Chiavone.
Comunicação com DNA “Z”
Dessa forma, o processo de criação de uma campanha para esse público deve ser colaborativo, e não unilateral. “A marca precisa, antes de tudo, ter clareza dos seus objetivos de negócio. Precisa entender por que quer fazer algo antes de pensar em como fazer”, aconselha a head da Meta.
Gabriela Comazzetto reforça a importância da marca se entender. “Para as marcas conseguirem engajar com essa geração, é fundamental trazer autenticidade. Quem é você como marca? O segundo pilar é a criatividade. Eles têm muita criatividade e querem se envolver com marcas que os surpreendam, ensinem, divirtam e envolvam.”
Além disso, diante do algoritmo dessas plataformas, a personalização tem sido uma ferramenta fundamental para a estratégia das marcas. “É importante que a marca saiba seu propósito e verdade, conectando-se genuinamente com a comunidade e personalizando seu conteúdo, de acordo com os interesses e as buscas dela”, acrescenta a executiva do TikTok.
As comunidades virtuais são criadas em torno de interesses, e para as marcas conseguirem se conectar com esses grupos, elas precisam ser verdadeiras, gerar valor e contribuir para as conversas. “Isso é o mais importante e, frequentemente, o mais difícil para as empresas entenderem: comunidades se formam em torno de valores, e não de produtos”, reforça Arcanjo.
O poder da influência
“Hoje em dia, é quase impossível fazer comunicação para a geração Z sem incluir criadores”, afirma Laura. Os criadores de conteúdo se tornam essenciais na comunicação com esta geração, pois são nativos das plataformas, entendem a linguagem de cada rede e são capazes de se conectar diretamente com as comunidades virtuais. O influenciador acrescenta em criatividade, autenticidade, humor e até mesmo credibilidade.
“Além disso, os criadores têm um papel crucial na decisão de compra. As pessoas ainda compram de marcas, claro, mas eles trazem essa proximidade que faz toda a diferença”, continua Chiavone.
Logo, os criadores são capazes de humanizar o conteúdo e criar proximidade com o público. “Os influenciadores muitas vezes são da mesma geração que seu público, a geração Z, então é uma conversa de igual para igual”, analisa Marcia Granja. “Eles mostram o dia a dia real, abrem suas rotinas, e quando experimentam um produto ou incorporam isso em suas histórias, não parece forçado, mas algo natural e palpável”, diz a sócia da Leeland.
Isso transforma o processo de criação e requer a entrada de novos atores. Assim, a cocriação requer que o criador entre no processo desde o início e siga até o fim. Escolher os influenciadores passa então a ser uma etapa importante e muito estratégica. “Cada criador domina uma área específica, culturalmente falando, e a marca precisa ter clareza dos seus territórios”, explica a head da Meta.