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O projeto genoma sobre o DNA neandertal, tornou-se possível no final da década de 1990, por meio de estudos genéticos

Como o DNA neandertal nos afeta até hoje

Variantes de DNA herdadas de neandertais têm impactos em doenças e outras características ligadas á saúde

Uma linhagem de ancestrais de humanos modernos, deixou o continente africano há cerca de 250 mil anos para habitar regiões que conhecemos hoje como Europa e Ásia, onde se encontraram e cruzaram com os Neandertais. O resultado disso é que, atualmente, por volta de 2% do genoma de pessoas de fora da África vem dos neandertais, segundo estudo publicado em 2020 na revista Nature.

Conheça 10 contribuições do DNA neandertal de acordo com pesquisas recentes

Estudos genéticos sobre o DNA antigo dos neandertais tornaram-se possíveis no final da década de 1990. O projeto genoma neandertal, estabelecido em 2006, apresentou o primeiro genoma neandertal totalmente sequenciado em 2013.

1 – Alergia

Humanos modernos herdaram dos neandertais variantes genéticas da família de proteínas chamadas Receptores do tipo Toll. Elas estão na superfície de células e estimulam respostas do sistema imune. Em 2016, um estudo descobriu que esses genes também podem ser responsáveis por uma predisposição ao desenvolvimento de alergias.

2 – Diabetes tipo 2

Uma mutação neandertal no gene SLC16A11, envolvido no metabolismo de ácidos graxos, associada a um maior risco de diabetes tipo 2. A ligação mais expressiva em mexicanos e outros latino-americanos, são conhecidos por serem mais afetados pela doença.

3 – Covid-19

Um estudo de 2020 mostrou que o DNA neandertal no cromossomo 3 (presente em 16% dos europeus e 50% de pessoas do sul da Ásia), está associado ao desenvolvimento de doença severa do organismo depois de infectar-se com SARS-CoV-2. Contudo, uma pesquisa de 2021 com os mesmos autores descobriu que o DNA neandertal no cromossomo 12 (presente em 50% das pessoas na Eurásia e nas Américas), pode reduzir em cerca de 22% o risco de precisar de cuidados intensivos após a contaminação por Covid-19.

4 – Depressão

Transtornos de humor, como a depressão, por exemplo, foram associados a genes neandertais em pessoas de ascendência europeia em uma pesquisa publicada em 2016. A hipótese é que a exposição à luz solar pode influenciar essa predisposição, uma vez que variantes genéticas neandertais estão ligadas à proteção contra a radiação ultravioleta.

5 – Doença Viking

Em 2023, um estudo com descendentes de europeus descobriu 61 variantes genéticas associadas a um maior risco de desenvolver Doença de Dupuytren, três delas tinham origem neandertal. A Doença de Dupuytren, também conhecida como doença Viking, se manifesta pelo engrossamento do tecido sob a pele da palma da mão. Assim, faz com que ela perca a flexibilidade e que um ou mais dedos permaneçam dobrados. Ela é comum em regiões do norte europeu, onde os os vikings se estabeleceram.

6 – Doença autoimune

Genes relacionados ao sistema imunológico herdados desses primos distantes podem aumentar o risco de doenças autoimunes. Como lúpus e doença de Crohn, de acordo com uma pesquisa de 2014. Encontraram as variantes associadas a isso em diversas populações. A variante está ligada ao lúpus encontrada em cerca de 10% dos europeus e em menos de 1% dos asiáticos orientais. Entretanto, cerca de 26% dos europeus e 8% dos asiáticos orientais portavam a variante ligada à doença de Crohn.

7 – Dor

Em 2023, um estudo apontou que variantes neandertais no gene SCN9A podem aumentar a sensibilidade à dor causada por objetos cortantes e destacou que essas variantes são mais comuns em pessoas com ascendência nativa americana. As descobertas não são relativas a dores crônicas (que duram mais do que três meses).

8 – Luz do sol e perda de cabelo

Sensibilidade ao sol e predisposição à calvície reforçam algumas variantes genéticas de neandertais. Um estudo de 2021 sugere que essas características podem ser vantajosas para os humanos modernos que se deslocaram para regiões de menor luminosidade solar na Eurásia.

9 – Fertilidade

Cerca de um terço das mulheres na Europa possui uma variante neandertal que aumenta a fertilidade. Além disso, ela reduz o risco de sangramentos no início da gravidez e abortos espontâneos. Isso é o que sugere um estudo de 2020, que indica que essas mulheres herdaram o receptor do hormônio sexual progesterona dos neandertais.

10 – Vício em nicotina

Pessoas de ascendência europeia que carregam as variantes neandertais no gene SLC6A11 ligadas à transmissão de sinais no cérebro, no entanto, podem aumentar a predisposição à dependência de nicotina.