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Com tarifas dobradas dos EUA e demanda fraca na China, algumas companhias enfrentam pressão sobre preços e margens;

Como tarifas de Trump sobre alumínio e aço impactam o Brasil

Com tarifas dobradas dos EUA e demanda fraca na China, algumas companhias enfrentam pressão sobre preços e margens

Entraram em vigor nesta quarta-feira (4), as novas tarifas de 50% sobre importações de aço e alumínio nos Estados Unidos, conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump – e o Brasil, segundo maior exportador de aço para o mercado norte-americano, é um dos mais afetados. As tarifas haviam sido anunciadas na última sexta-feira (30), durante visita de Trump a uma planta da US Steel, e dobram a alíquota anterior de 25%.

Segundo analistas, o cenário faz o setor siderúrgico e minerador brasileiro entrar em um novo ciclo de ajustes. Ou seja, com foco na adaptação a um mercado internacional mais protecionista e a uma demanda global em desaceleração.

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Para o Bradesco BBI, a medida tende a favorecer os produtores norte-americanos, mas o impacto varia entre as empresas brasileiras. A Gerdau (GGBR4), que tem operações relevantes nos EUA voltadas a produtos longos (como vergalhões e vigas), pode ser menos afetada. Esses itens possuem menor penetração de importações (17%), o que reduz a exposição direta ao tarifaço

Em contrapartida, empresas como CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3), enfrentam um ambiente menos favorável. Segundo o Itaú BBA, o cenário para 2025 é desafiador tanto para o aço quanto para o minério de ferro. O banco manteve recomendação de desempenho em linha para CSN. Com preço-alvo de R$ 9,00 por ação ao final do ano, e recomendação de desempenho abaixo da média para CMIN, com preço-alvo de US$ 4,80 por ação.

O BBA destaca que o múltiplo EV/EBITDA 2025, projetado para ambas as companhias está elevado em relação aos pares. Portanto, combinado ao ambiente operacional desfavorável e à geração de caixa negativa esperada, limita o potencial de valorização. A análise considera uma média de preço do minério de ferro em torno de US$ 95 por tonelada para o ano.

Efeito China

Esse valor reflete a fraqueza da demanda na China, principal consumidor global de minério e aço. Os preços do minério atingiram o menor nível em cinco semanas, pressionados por menor atividade no setor de construção chinês, temperaturas ainda mais altas e chuvas frequentes.

Além disso, a atividade do setor siderúrgico chinês caiu, com novas encomendas e produção também em queda. A capacidade utilizada dos altos-fornos na China recuou pela terceira semana consecutiva, enquanto produtores via forno elétrico começaram a cortar produção diante de margens negativas.

 

Isso, Amapesar de um aumento de 23% nas exportações brasileiras de minério de ferro na última semana de maio. A maior oferta global e a redução na reposição de estoques pelas siderúrgicas chinesas devem manter os preços pressionados, na visão de analistas. Inventários nos portos chineses caíram 1,4 milhão de toneladas na semana, mas os níveis de consumo permanecem fracos.

No Brasil, os preços do aço seguem sob pressão. O vergalhão caiu 1,4% na semana passada, e há expectativa de novas quedas. Isto é, tanto para longos quanto para produtos planos, segundo o Bradesco BBI. A combinação de oferta elevada (capacidade interna e importações) e menor demanda limita o repasse de custos e pressiona as margens das siderúrgicas locais.