O distúrbio chamado Prosopometamorfopsia faz com que os rostos pareçam distorcidos. “Meu primeiro pensamento foi que eu acordei em um mundo demoníaco”, diz um paciente dos EUA
O caminhoneiro Victor, acordou um dia de novembro de 2020 que mudou sua vida com um distúrbio, e notou, do nada, os rostos das pessoas ao seu redor distorcidos, parecendo viver num mundo demoníaco. Orelhas, narizes e bocas estavam esticados para trás, e havia sulcos em suas testas, bochechas e queixos.
Alguém que ele conhecia que ensinava pessoas com deficiência visual, sugeriu que ele poderia ter prosopometamorfopsia (PMO). É um distúrbio neurológico extremamente raro da percepção que faz com que os rostos pareçam distorcidos em forma, tamanho, textura ou cor. Sharrah achou que os sintomas coincidiam e foi formalmente diagnosticado no ano passado.
As distorções aparecem somente quando ele vê as pessoas pessoalmente — não em fotografias ou em telas de computador.
Isso deu aos cientistas a oportunidade de visualizar a aparência dos rostos distorcidos de uma pessoa com PMO, algo que eles nunca haviam conseguido fazer antes. Os pesquisadores do Dartmouth College, criaram uma representação digital do que Sharrah tem experimentado. A revista The Lancet, publicou as imagens.
Para criar os recursos visuais, os pesquisadores pediram a Sharrah que descrevesse as diferenças entre as fotografias dos rostos das pessoas e as pessoas reais que estavam à sua frente. Em seguida, os pesquisadores usaram um software de edição de imagens para modificar as fotos de modo que correspondessem à descrição de Sharrah.
Manipulação das cores nas lentes ajudou outras pessoas com PMO
Os sintomas da PMO geralmente desaparecem após alguns dias ou semanas, embora em alguns casos possam se prolongar por anos.
O distúrbio é extremamente raro e os cientistas estimam que há apenas 100 casos no mundo. Os pesquisadores suspeitam que a causa deve-se a uma disfunção na rede cerebral lida com o processamento facial, embora não entendam totalmente o que desencadeia a condição. Alguns casos associados a traumatismo craniano, derrame, epilepsia ou enxaqueca, mas outras pessoas têm PMO sem alterações estruturais no cérebro.
Já no caso de Sharrah, os pesquisadores ofereceram dois possíveis fatores desencadeantes. Primeiro, ele sofreu envenenamento por monóxido de carbono quatro meses antes do início dos sintomas de PMO. Segundo, ele sofreu um ferimento significativo na cabeça aos 43 anos. Enquanto tentava destravar a alça de seu trailer, Sharrah caiu para trás e bateu a cabeça no concreto.
Atualmente, Sharrah faz tratamento em colaboração com o laboratório Dartmouth. A pesquisa duplicou os benefícios das lentes verdes no combate aos sintomas de Sharrah e descobriu que a manipulação das cores nas lentes também ajudou outras pessoas com PMO — embora as cores que funcionam possam ser diferentes.