Coreia do Norte fornece tropas e armamento ao Kremlin; cooperação aumentou após visita de Putin a Kim Jong-un
Em junho deste ano o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez sua primeira visita à Coreia do Norte. A viagem foi um marco na relação entre os dois países. Muitos analistas indicaram que, naquele momento, a potência armamentista da península coreana passaria a ocupar um papel de parceiro estratégico do Kremlin. O contorno dessa parceria, entretanto, está se tornando mais claro só agora.
Pela primeira vez, tropas norte coreanas foram vistas em um centro de treinamento no extremo leste da Rússia. O serviço de inteligência da Coreia do Sul, que monitora a movimentação militar do vizinho do norte, afirma que enviaram pelo menos 1.500 soldados para ajudar o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia.
Aliás, esse é apenas o último reforço de uma lista repleta de favores mútuos de Pyongyang à Rússia.
Armamento de guerra
Desde 2023, há relatos da inteligência sobre o envio de material bélico da Coreia do Norte à Rússia. Essa ajuda foi essencial para garantir a reposição de munição e armamento durante a guerra na Ucrânia.
Segundo um relatório do governo americano, em outubro do ano passado, mais de mil contêineres saíram do território coreano em direção à linha de frente ucraniana.
À época, o porta-voz de segurança da Casa Branca, John Kirby, afirmou que os EUA “condenam o envio de equipamento militar à Rússia, usado para atacar cidades ucranianas, matar civis e ampliar a guerra ilegítima da Rússia”.
Depois disso, diversas remessas fizeram esse mesmo trajeto, indicam relatórios dos EUA, da Ucrânia e da Coreia do Sul.
Neste ano, entretanto, os serviços de inteligência ocidentais passaram a divulgar que os norte-coreanos aumentaram a cooperação e estariam enviando, inclusive, mísseis ao Kremlin.
Ainda assim, Vladimir Putin e o regime de Kim Jong-un negam publicamente qualquer interação do tipo.
Tensão na península coreana
Durante a viagem de Putin à Coreia do Norte, Putin e Kim assinaram uma série de acordos de cooperação mútua. Entre eles, um de Defesa que garante o apoio militar em caso de um dos países terem seu território invadido por um agente externo.
Assim, rechaçaram o acordo como “perigoso” por grande parte da comunidade internacional.
Na prática, o tratado obrigaria o uso de “todos os meios possíveis, sem demora” caso algum dos dois países fosse atacado. Isso, de acordo com um documento divulgado pela mídia estatal norte-coreana.
A Coreia do Norte e a Rússia estão entre o seleto grupo de países que desenvolveram armas nucleares.
Os Estados Unidos, que também são uma potência nuclear e têm uma postura abertamente contrária ao regime de Kim Jong-un, mantém um complexo militar, conhecido como Camp Humphreys, a menos de 100 quilômetros da fronteira entre as Coreias.
O local funciona como sede das Forças dos EUA na Coreia do Sul, do Oitavo Exército dos EUA e da 2ª Divisão de Infantaria do Exército. A instalação tem o campo de aviação mais ativo do Exército dos EUA no Pacífico, repleto de unidades de helicópteros e aeronaves de inteligência.