O debate da TV Cultura entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado no domingo (15), ocorreu agressão do candidato José Luiz Datena (PSDB) ao influenciador digital Pablo Marçal (PRTB)
Ao ser acusado durante o evento de um processo por suposto assédio sexual cometido há alguns anos, o apresentador Datena arremessou uma cadeira sobre o empresário Pablo Marçal e tentou jogar, na sequência, outra cadeira. Dessa maneira, expulsaram Datena do debate. Em seguida, Marçal deixou o evento e foi para um hospital.
Fora dos microfones, Marçal provocou Datena durante vários momentos, o acusando do assédio sexual e de supostamente ser estuprador.
O clima entre Datena e Marçal foi ruim desde o segundo bloco. Sorteado para fazer a primeira pergunta, o apresentador se recusou a direcioná-la a Marçal, sob o argumento de que o oponente usava os debates apenas para promover um show nos seus canais das redes sociais. O influenciador digital, então, atacou o apresentador e citou o suposto processo por assédio sexual.
O candidato do PSDB disse do encerramento do caso por falta de provas e rebateu, chamando Marçal de “ladrãozinho” de banco. O “ex-coach” condenado em 2010 a dois anos e seis meses de prisão por integrar um grupo responsável por fraudes bancárias que envolviam obter dados de contas das vítimas para acesso a home banking – o empresário recorreu e a pena prescreveu.
Fora do microfone, Marçal continuou com as provocações e acusações contra o candidato do PSDB. No quarto bloco, quando o empresário fez uma nova menção ao processo de assédio sexual, Datena se dirigiu ao empresário e o agrediu. Marçal colocou a mão perto da costela, indicando dor e, ao retirar-se do auditório, xingado por Datena de “filho da p*”.
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Cena causou surpresa e incredulidade
O candidato do PSDB queria sair do debate ao vivo, mas foi expulso. A equipe de Datena acompanhou a cena com surpresa e incredulidade
O mediador, Leão Serva, afirmou então que o debate seria suspenso e pediu os comerciais. O evento retornou cerca de três minutos depois.
Depois do debate, a assessoria de Marçal soltou uma nota: “Pablo Marçal foi covardemente agredido por José Luiz Datena, que o golpeou na região das costelas com uma cadeira de ferro. Infelizmente, Marçal precisou sair do debate às pressas, em uma ambulância, para receber cuidados médicos em caráter emergencial.”
Assessoria lamentou que o debate tenha prosseguido logo depois. “É lamentável que o debate tenha continuado, mesmo sem a presença do candidato agredido. Pablo Marçal está ferido, com suspeita de fraturas na região torácica e muita dificuldade para respirar”, diz a nota. E completou: “Esperamos que as medidas judiciais cabíveis sejam tomadas e contamos com as orações do povo.”
TV Cultura lamenta ocorrido
Em nota, a TV Cultura lamentou e disse que tomou todas as providências previstas conforme às regras estabelecidas com as campanhas, o que incluiu a expulsão de Datena.
“Além disso, o debate foi mantido mediante consulta e concordância dos demais candidatos”, diz o comunicado.
Ao sair do estúdio, Datena disse ter “perdido a cabeça”. “Infelizmente eu perdi a cabeça. Não devia ter pedido? Acredito que não. Poderia ter simplesmente saído do debate ido embora para casa, que era muito melhor. Mas do mesmo jeito que eu choro, como reação humana, essa foi uma reação humana que eu não pude conter”, declarou. Questionado por um repórter da TV Cultura se estava arrependido, respondeu: “Claro que não”.
Ao falar com os jornalistas, Datena disse que caberá ao partido falar sobre sua candidatura, mas que ele pretende seguir até o fim da corrida eleitoral. “Pretendo me manter candidato até o fim. Depende do partido, depende de todo mundo. Pretendo continuar candidato”, afirmou. “Tô errado? Tô. Mas fazer o quê, já foi”.
Os candidatos que permaneceram no debate procuraram capitalizar o episódio. Tabata Amaral (PSB) aproveitou a agressão para valorizar a condição minoritária das mulheres na disputa. A candidata disse ser “revoltante” a “postura dos homens” no debate e agradeceu a Marina Helena (Novo), por ter sido a única a manter o nível do debate que a perguntou sobre as propostas para a adaptação da cidade de São Paulo às mudanças climáticas.
Agressão não se justifica
Boulos e Nunes lamentaram o episódio da agressão. O prefeito de São Paulo usou os comentários finais para tentar atrair o eleitor de Datena, com a aposta de que o candidato do PSDB sairá da disputa depois de agredir Marçal. “A agressão não se justifica, mas provocado foi defender a honra de sua sogra”. Depois do debate, Nunes, Tabata e Boulos reforçaram que Marçal provocou Datena fora dos microfones e disseram que o episódio é lamentável.
O debate transformou-se em um marco na história dos embates políticos na televisão brasileira.
Sem tempo no horário eleitoral gratuito, Marçal estava engessado pelas regras da TV Cultura e com dificuldades para repetir a mesma estratégia dos debates anteriores, em que se converteu no centro das atenções ao ofender todos seus adversários. Encontrou a falta de equilíbrio emocional de Datena, algo que já estava patente nas últimas atividades de rua do candidato tucano e em suas entrevistas.
Antes da agressão, o clima foi tenso na interação entre Nunes e Boulos. O prefeito mencionou um conteúdo veiculado em suas redes sociais que associaria Boulos à defesa da legalização das drogas.
Fonte: Valor – Vídeo: Instagram/TV Cultura/Contigo