A persistência do cenário a longo prazo tem potencial para inibir investimentos e afetar as exportações nacionais
A perda de ritmo anunciada pela economia chinesa no terceiro trimestre não causa impactos momentâneos para investimentos no Brasil. Em uma primeira movimentação para estimular o crescimento do PIB (Produto Interno), portanto, o Banco do Povo da China reduziu as taxas de juros a partir desta segunda-feira (21).
Aliás, o PIB da China cresceu 4,6% em termos anuais no terceiro trimestre. Os dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatística são equivalentes ao menor avanço para um período de três meses em um ano e meio. O ambiente externo e os problemas do desenvolvimento econômico interno são citados como elementos que justificam a desaceleração.
China reduz juros na tentativa de estimular a economia
Logo após a divulgação do PIB, o Banco do Povo da China anunciou o corte das principais taxas do país em 0,25 ponto percentual. Com a decisão, os juros primários de empréstimo de um ano foi reduzido de 3,35% para 3,1%. Enquanto que a taxa de cinco anos caiu de 3,85% para 3,6%.
Perda de ritmo da economia chinesa não traz impactos momentâneos
Conforme Conrado Ottoni Baggio, professor de relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco Granja Vianna, a leve desaceleração não abre caminho para preocupações a curto prazo. Olhando para o futuro, entretanto, ele avalia que a manutenção do cenário gera incerteza sobre novos projetos de infraestrutura no Brasil.
A China tem ampliado seus investimentos em diversos países
No Brasil, a expansão já abrange diversos setores em várias regiões. Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP, afirma que a estratégia de expansão envolve a extensão territorial com a instalação de empresas ao redor do mundo. “O Nordeste hoje tem investimentos significativos dos chineses. Na Zona Franca de Manaus, no Sul e no Centro-Oeste, também”, reforça ele.
Fábrica automotiva na Bahia é exemplo recente de investimento no Brasil
A montadora chinesa BYD, especializada na fabricação de carros elétricos, deu início a sua operação na cidade de Camaçari, na Bahia. A instalação na antiga planta da Ford do município traz uma expectativa de investimento de R$ 5,5 bilhões.
Exportações
A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. No ano passado, as exportações do Brasil para a China ultrapassaram US$ 100 bilhões. Hugo Garbe, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, avalia que o crescimento da China pode abrir espaço para novos comércios entre os países. “A diversificação da demanda chinesa por produtos de maior valor agregado, como carnes e café premium, pode aumentar ainda mais o saldo positivo da balança comercial”, afirma ele.
Principais negociações envolvem minério de ferro e commodities
“Um PIB chinês em expansão aumenta a demanda por soja, minério de ferro e petróleo, que são os principais produtos exportados pelo Brasil para a China”, destaca Garbe. Dessa maneira, cita a expansão das exportações dos setores de energia e tecnologia agrícola como beneficiados pelo avanço da economia chinesa.
Desaceleração do mercado imobiliário é maior motivo de preocupação
Baggio afirma que a manutenção do cenário de desaceleração a médio prazo afeta justamente a exportação nacional de minério de ferro. “Isso tem relação com o setor imobiliário chinês, que está se recuperando de uma queda acentuada nos últimos anos”, explica ele.
Ações tomadas pelo governo chinês ainda precisam ser observadas
Antes da divulgação do PIB do terceiro trimestre, as autoridades chinesas reduziram os juros e anunciaram projetos de incentivo ao mercado imobiliário. Na avaliação de Baggio, a iniciativa busca limitar os efeitos da crise no setor. “Os efeitos dessa medida de reaquecimento para compensar as perdas, se eles vão ser suficientes ou não, a gente só vai conseguir falar com clareza no final do ano”, prevê.