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A alta de 3,51% do dólar em junho até o dia 20, impulsionou os preços da soja no mercado brasileiro este mês

Dólar muda o ritmo de vendas de soja no Brasil e na Argentina

Alta da moeda do dólar em relação ao real estimulou as vendas da oleaginosa

A alta de 3,51% do dólar em junho até o dia 20 impulsionou os preços da soja no mercado brasileiro este mês, embora a cotação na bolsa de Chicago tenha caído 5,3% no período, segundo o Valor Data. O movimento local estimulou as vendas da oleaginosa.

Na Argentina, a expectativa de uma nova desvalorização do peso tem feito os produtores segurarem as vendas. Analistas dizem que o efeito do câmbio nas cotações domésticas da soja será de curto prazo e mantêm expectativa de queda nos preços internacionais, com o avanço da safra nos Estados Unidos.

Na Argentina, as vendas de grãos caíram 37% em maio em comparação a igual mês de 2023, para US$ 2,6 bilhões, conforme a Câmara da Indústria de Óleos da República Argentina e Centro de Exportadores de Cereais. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, no entanto, informou que 26,7 milhões de toneladas de soja da produção de 50 milhões de toneladas da safra 2023/24 ainda não foram vendidas. Aliás, falta vender 29 milhões de toneladas de milho de uma safra de 47,5 milhões de toneladas.

O estoque global de soja aumentou 25 milhões de toneladas em duas safras

Samuel Isaak, analista de agronegócios da XP Investimentos, afirma que os produtores brasileiros e argentinos têm motivações diferentes. Os argentinos esperam uma desvalorização do peso em relação ao dólar. Os brasileiros, que seguram as vendas do milho, esperam uma reação nos preços internacionais. Ele também afirma que a melhora em reais da soja não está ancorada no cenário internacional. “A visão de longo prazo é que os preços da soja vão refletir a safra americana”, diz.

No Brasil, a alta do dólar fez o preço médio da soja subir no porto de Paranaguá (PR) de R$ 138 a saca no fim de maio, para R$ 140 no dia 18, com pico de R$ 142 em alguns dias do mês, segundo Luiz Fernando Roque, analista da Safras & Mercado.

“O preço vem se sustentando na alta do câmbio. Os prêmios [de exportação] estão firmes, mas não fosse o dólar teríamos cotações mais baixas. Uma vez que Chicago tem movimento fraco neste momento”, diz Roque.

Segundo a Safras, até 10 de junho, a comercialização atingiu 64,6% da produção. Apesar do avanço nas últimas semanas, as vendas estão aquém da média histórica de 70,1%.

Fabio Silveira, sócio diretor da MacroSector, considera a estratégia de segurar produtos arriscada. “O estoque global [de soja] aumentou 25 milhões de toneladas em duas safras. Não dá para ter uma política de retenção de produto eficaz por muito tempo”, diz.