Na última quinta-feira, a moeda norte-americana registrou alta de 0,7%, cotada a R$ 5,1815
O dólar operou em alta acentuada nesta quinta-feira (10), com os investidores reagindo às incertezas em relação ao controle das contas públicas no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Também pesa contra o real neste pregão a divulgação da inflação de outubro, que subiu acima das expectativas do mercado.
Às 16h12, a moeda americana saltava 3,99%, cotada a R$ 5,3884. Na máxima do dia chegou a R$ 5,3969.
No dia anterior, o dólar encerrou o pregão com alta de 0,7%, vendido a R$ 5,1815. Com o resultado, a moeda passou a acumular alta de 0,31% no mês. No ano, acumula uma queda de 7,05% frente ao real.
O que está mexendo com os mercados dólar pra estar em alta
O mercado financeiro está bem cauteloso em relação ao aumento do gasto público e pelo teto de gastos, diz o economista.
No começo da manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que representa a inflação oficial do país. Em outubro, o indicador teve avanço de 0,59%, após três meses consecutivos de deflação. O mercado já esperava um alta na inflação brasileira, mas o avanço nos preços foi superior às expectativas de especialistas, que projetavam uma alta média de 0,50%.
Sobretudo, a maior influência no índice geral veio do grupo Alimentação e bebidas, com crescimento de 0,72% e impacto de 0,16 ponto percentual no índice geral. Na sequência das maiores influências estão os grupos de Saúde e cuidados pessoais (1,16% e 0,15 p.p.), Transportes (0,58% e 0,12 p.p.). Já o grupo Vestuário teve a alta mais intensa, de 1,22%.
“O mercado está preocupado com a dinâmica dos gastos públicos. Tem que ser uma dinâmica sustentável”, afirmou Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria.
Para cumprir com as principais promessas de campanha de Lula – com destaque para a continuidade do Auxílio Brasil (que voltará a ser chamado de Bolsa Família) de R$ 600, um auxílio extra de R$ 150 para crianças pequenas e reajuste do salário mínimo – o governo de transição planeja criar a PEC da Transição, que liberaria cerca de R$ 175 bilhões no Orçamento de 2023 além do teto de gastos.
Dólar em alta
A economista Alessandra pontua também, que ainda não há definição sobre quem estará na equipe econômica de Lula a partir do próximo ano. Isso adiciona incertezas e volatilidade ao mercado.
Investidores esperam a nomeação de uma pessoa mais alinhada ao centro do que a esquerda para as pastas da economia.
No cenário externo, o destaque do dia também ficou por conta da inflação, desta vez nos Estados Unidos. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de outubro subiu 0,4%, segundo o Departamento do Trabalho do país. O resultado veio um pouco abaixo das expectativas do mercado, de alta de 0,6%.
Uma inflação muito elevada na maior economia do mundo pesa contra a valorização do real frente ao dólar. Assim, quando os preços disparam, a estratégia dos bancos centrais é elevar as taxas de juros. Aliás nos EUA, os juros já subiram até um patamar entre 3,75% e 4,00% ao ano e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), sinalizou que novas altas devem ocorrer nos próximos meses.
Juros mais altos, portanto, impactam positivamente a rentabilidade dos títulos públicos de um país, que passam a entregar retornos maiores e mais atrativos. Mas como os títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo, se a rentabilidade deles sobem há uma tendência global de migração dos investidores para esses investimentos, em detrimento dos ativos de risco. Nesse sentido, o dólar ganha força ante a moeda nacional.