Durante visita de Emmanuel Macron a Washington, o presidente francês e Joe Biden prometem apoiar a Ucrânia
Aliados históricos, os presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Emmanuel Macron (França), aproveitaram a visita oficial do europeu à Casa Branca para reforçar os laços de amizade, aparar as divergências e destacar a posição simétrica em relação à guerra na Ucrânia. Em comunicado conjunto divulgado ao fim do encontro, ambos garantiram que Washington e Paris continuarão apoiando o governo de Volodymyr Zelensky, “pelo tempo que for necessário” e se comprometeram a fornecer “ajuda política, de segurança, humanitária e econômica”.
Durante a entrevista coletiva, Biden não economizou críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, e prometeu interceder pela punição do chefe do Kremlin. “Putin acha que pode esmagar a vontade de todos aqueles que se opõem às suas ambições imperiais, ao atacar a infraestrutura civil e a Ucrânia, bloqueando a energia para a Europa para inflacionar os preços, exasperando os alimentos em meio à crise alimentar. (…) Ele não conseguirá. O presidente Macron e eu decidimos que continuaremos a trabalhar, juntos, para responsabilizar a Rússia por suas ações e para mitigar os impactos globais da guerra de Putin”, declarou o democrata.
Biden também revelou a disposição de conversar com Putin pela primeira vez desde o começo da invasão, 281 dias atrás. No entanto, impôs uma condição: o presidente russo precisa realmente desejar colocar fim à guerra. “Vamos continuar apoiando o povo da Ucrânia frente à brutalidade da Rússia”, reforçou o norte-americano. “Queremos ter sucesso juntos, não um contra o outro”, completou Macron.
Antecipação
Os dois líderes fizeram questão de emitir sinais e palavras que sublinhassem a sólida aliança entre seus países. Ao caminhar até o Salão Oval da Casa Branca, Macron chegou a colocar a mão sobre o ombro de Biden. O norte-americano disse que os EUA “não poderiam pedir um parceiro melhor” e classificou como “essencial” a aliança com os franceses.
Todavia, especialista da Escola de Análise Política (naUKMA), em Kiev, Anton Suslov, lembrou que desde o início da invasão à Ucrânia, a posição dos Estados Unidos tem sido mais radical e proativa do que a da União Europeia. “Os norte-americanos vêm negociando apoio à Ucrânia com seus parceiros europeus. Ao mesmo tempo, o presidente Macron gastou horas em conversas com Putin, tentando apaziguar o agressor. O francês também mencionou a possibilidade de novos contatos com o homólogo russo”, afirmou.
No entanto, Suslov lembra que a posição de Macron evoluiu desde 24 de fevereiro. “As declarações provam que Paris percebe a necessidade de vitória da Ucrânia, não apenas para os próprios ucranianos, mas também para a Europa e para a ordem mundial. É por isso que os EUA e a França continuam a oferecer equipamentos militares e munições”, disse.
O especialista avalia que as palavras de Macron durante a visita à Casa Branca são importantes para o governo Biden. Mas elas mostram aos contribuintes que os EUA não são a única nação que gasta grande quantidade de recursos em defesa da Ucrânia”, acrescentou.
Lavrov adverte sobre risco “enorme” de guerra nuclear
Entretanto, durante entrevista coletiva em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, alertou que a ajuda do Ocidente pode agravar o conflito até o uso de armas de destruição em massa. “O risco de escalar a uma guerra nuclear é enorme”, afirmou o chanceler.
Todavia, Lavrov também descreveu as declarações do papa Francisco sobre as “cruéis” minorias étnicas russas. Ou seja, as que participam na intervenção militar na Ucrânia como pouco cristãs. “O papa Francisco, recentemente, fez declarações incompreensíveis, nada cristãs, designando duas nacionalidades na Rússia, para dizer que atrocidades em combate militar podem ser esperadas delas”, disse o chefe da diplomacia de Moscou. “Isso não ajuda a autoridade da Santa Sé”, acrescentou. Mas em entrevista a um jornal jesuíta, Francisco descreveu como cruel o comportamento dos chechenos e buriates que lutam no Exército russo na Ucrânia.