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Uma das reivindicações da greve do Estúdios SAG-AFTRA é a regulamentação do uso de inteligência artificial generativa

Estúdios querem tornar episódio de Black Mirror uma realidade

Uma das reivindicações da greve do Estúdios SAG-AFTRA é a regulamentação do uso de inteligência artificial generativa

Curiosamente, o sindicato dos atores de Hollywood recebeu uma proposta dos estúdios que soava como um episódio da série Black Mirror. A Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), representante das empresas de cinema e TV, sugeriu uma solução “inovadora” de IA para “proteger as imagens digitais dos atores”. Contudo, na realidade, os figurantes poderiam perder o direito da própria imagem.

“O AMPTP propôs que os figurantes pudessem ser escaneados, receber apenas uma diária de pagamento e as empresas poderiam obter aquela digitalização e usá-la pelo resto da eternidade em qualquer projeto, sem consentimento ou compensação”, disse Duncan Crabtree-Ireland, líder das negociações do SAG-AFTRA.

Isso é muito Black Mirror

A proposta revelada pelos grevistas pode parecer bastante familiar para quem é fã de Black Mirror. Todavia, a sexta temporada do seriado traz um episódio que trata exatamente sobre o assunto.

Em Joan é Péssima, episódio que abre a nova temporada na Netflix, a atriz Salma Hayek, interpretando ela mesma, se envolve em problemas após um estúdio utilizar sua cópia digital em uma série. Mas ao tentar buscar seus direitos, ela descobre que não leu os termos de um acordo e liberou sua cópia por IA para ser utilizada por um serviço de streaming.

Ao que parece, não demorou muito tempo para a realidade alcançar a série distópica da Netflix. A sexta temporada de Black Mirror, ocorreu em 15 de junho, cerca de um mês antes da cláusula polêmica dos estúdios vir à tona.

A polêmica do uso de IA

O uso de IA generativa é uma das principais reivindicações das greves dos atores e dos roteiristas de Hollywood. Há uma grande preocupação em relação aos grandes estúdios adotarem a então ferramenta como uma forma de reduzir custos.

Dessa forma, as duas categorias negociam com a AMPTP para estabelecer meios contratuais para proteger os profissionais. No caso dos atores, a intenção é evitar que a identidade e o talento das pessoas sejam “explorados sem consentimento e pagamento”.

“Se não nos mantivermos firmes agora, todos teremos problemas. Aliás, todos corremos o risco da substituição por máquinas”, declarou Fran Drescher, atriz e presidente do SAG-AFTRA.

Além da regulamentação do uso de IA, a greve do sindicato dos atores reivindica o aumento dos pagamentos residuais para distribuição de conteúdo em streaming. Além disso, trataram nas negociações os limites para as audições autogravadas.