Pesquisadores da Aarhus University, na Dinamarca, fizeram uma descoberta que pode revolucionar o tratamento contra o vírus HIV
Há 42 anos nos Estados Unidos, descobriram a AIDS. De lá para cá, O HIV fez milhões de vítimas no mundo inteiro. Segundo dados da UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), ocorreram em 2022, cerca 630 mil mortes relacionadas aos HIV (vírus causador da doença) a nível global. Assim como o avanço da ciência e da medicina, o tratamento progrediu muito ao longo das décadas. Mas agora, pesquisadores da Aarhus University, na Dinamarca, fizeram uma descoberta promissora.
No ano passado, cientistas demonstraram que os indivíduos recém-diagnosticados tinham uma resposta de imunidade mais forte contra o vírus e níveis mais baixos do HIV no sangue quando recebiam os chamados anticorpos monoclonais, juntamente com o início do tratamento médico regular.
Num novo estudo demonstrado, pacientes diagnosticados há anos também se beneficiam desta terapia. Ou seja, o tratamento com anticorpos permitiu que os participantes suprimissem o vírus por mais de três meses. Alguns pacientes, inclusive, continuaram a suprimir espontaneamente o HIV durante mais de 18 meses após a interrupção do tratamento regular. Os resultados foram publicados na revista Nature Medicine.
O que você precisa saber
- Dividiram os participantes da pesquisa aleatoriamente em quatro grupos.
- O primeiro recebeu o medicamento Lefitolimod. O segundo recebeu dois anticorpos monoclonais (3BNC117 + 10-1074) contra o HIV. O terceiro teve tratamento padrão sem medicação experimental. E o último recebeu ambos os tipos de medicamentos experimentais.
- Os voluntários recém-diagnosticados que receberam anticorpos monoclonais contra o HIV tiveram uma resposta imunológica mais forte e apresentaram menos níveis do vírus no sangue.
- O tratamento com anticorpos manteve a supressão do vírus por mais de três meses. Aliás, em alguns casos por mais 18 meses.
Em entrevista à revista Medical Xpress, o Ole Schmeltz Søgaard, do Departamento de Medicina Clínica da Universidade de Aarhus e autor da pesquisa, disse que esse é um passo importante para a descoberta de uma cura.
Os anticorpos monoclonais contra o HIV são produzidos sinteticamente em abundância e usados em tratamentos experimentais. O estudo conduzido em conjunto por pesquisadores da Dinamarca, Noruega, Austrália e EUA.
A cura chegará em breve? A resposta é paciência
Apesar de ser um grande passo, ainda falta percorrer um longo caminho para uma cura. Mesmo confirmado o sucesso, é necessário aperfeiçoar e potencializar o novo tratamento.
A boa notícia, no entanto, é que os cientistas não perdem tempo. Já estão recrutando novos voluntários para um ensaio clínico conduzido pelo Reino Unido, que inclui a avaliação da eficácia de dois anticorpos monoclonais contra o HIV. Também está em planejamento uma pesquisa mais abrangente em toda a Europa para aprimorar o tratamento experimental.
Schmeltz explicou, ainda, que a hipótese é de que um tratamento otimizado terá um efeito mais poderoso sobre o vírus e a imunidade dos pacientes, melhorando, assim, a capacidade do sistema imunológico de suprimir permanentemente o vírus residual no corpo.