Minuta apresentada na véspera pelo vice-presidente eleito Lula é motivo de apreensão nos mercados com Ibovespa
O Ibovespa operava com forte queda e o dólar subia nesta quinta-feira (17) com o mercado reagindo a um discurso feito na véspera pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ao anúncio da minuta da chamada PEC do Estouro. Por volta de 12h15, o principal índice da bolsa caía 1,81%, aos 108.244 pontos, e o dólar comercial avançava 1,49%, cotado a R$ 5,462.
Aliás, mais cedo, a moeda norte-americana chegou a disparar 2,76%, a R$ 5,5308 na venda, pico desde janeiro deste ano. Mas operando acima de R$ 5,50 pela primeira vez desde julho.
Embora tenha moderado as perdas desde então, o real continuava sendo uma das moedas de pior desempenho no dia entre seus pares globais.
O mercado abriu de mau humor, assim como Lula previu no seu discurso no Egito. Ele dobrou a aposta da oposição entre a responsabilidade fiscal e a social, carregou na crítica contra o teto de gastos e contrapôs o pagamento dos juros da dívida pública aos gastos com educação e saúde. “Não adiantar ficar pensando só em responsabilidade fiscal”, disse Lula.
No dia seguinte à entrega da minuta da PEC pela equipe de Transição ao Congresso, afirmou que quando se fala em teto de gastos se tira dinheiro “da saúde, da educação e da cultura”.
Lula e a Ibovespa
Os juros futuros também reagiam de forma negativa, com os contratos para janeiro de 2025 e 2027 subindo mais 70 pontos-base hoje, depois da alta de ontem, quando as taxas sinalizaram expectativa de que o Banco Central não consiga começar a redução da Selic em meados do ano que vem. Ao contrário, aumenta a chance de o Copom voltar a subir a taxa para se antecipar aos efeitos que o descontrole fiscal vai provocar na inflação.
No pré-mercado de Nova York, o EWZ que é uma referência para o Ibovespa caía mais de 4%, em US$ 28,50. Os ADRs da Petrobras e da Vale operam em baixa, ou seja, ambos caminhando para uma queda de 2%.
Motivo de apreensão nos mercados, a minuta apresentada na véspera pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin traz proposta de “excepcionalizar” do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança, sem um prazo determinado.
As sugestões apresentadas pela equipe de transição incluem ainda uma autorização. Assim, ela serve para que parte de receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos. Isto é, com um limite de 23 bilhões de reais, e também propõe retirar da regra do teto de gastos doações a universidades . Além de fundos ligados à preservação do meio ambiente.