Um grande iceberg do tamanho da cidade de Las Vegas, ou da Zona Leste de São Paulo, acabou de se separar na plataforma de gelo Brunt, na Antártica. O pedaço de gelo se desprendeu apenas algumas semanas depois de uma rachadura começar a se formar.

O iceberg tem cerca de 380 quilômetros quadrados de área. Aliás, o pedaço de gelo se separou da plataforma na manhã do dia 20 de maio. Oficialmente, o novo pedaço de gelo receberá o nome de A-83.

O iceberg se formou a partir da fenda Halloween Crack, descoberta em 31 de outubro de 2016 na plataforma de gelo. De acordo com a British Antarctic Survey (BAS), há algumas semanas uma primeira rachadura surgiu, até gradualmente se tornar um abismo no gelo de cerca de 14 quilômetros de comprimento.

O iceberg A-83 é o terceiro grande pedaço de gelo a se desprender da plataforma Brunt nos últimos quatro anos. O primeiro, um pouco menor que esse, se separou há cerca de dois anos, e o outro, do tamanho da grande Londres, se formou em janeiro de 2023.

A formação do iceberg não está relacionada às mudanças climáticas

Apesar das mudanças climáticas e o aquecimento global afetarem a Antártica. E as plataformas de gelo, a formação do iceberg não se deu exatamente por isso. Em comunicado, o glaciologista da BAS, Oliver Marsh, explicou que a separação do gelo da plataforma já era esperada desde que a fenda Halloween Crack foi descoberta.

“A separação tabular de icebergs faz parte do comportamento natural das plataformas de gelo, mas muitas vezes causa grandes mudanças na geometria das plataformas de gelo e pode impactar a circulação oceânica local”, Oliver Marsh.

No entanto, apesar de não estar relacionado com as mudanças climáticas, o iceberg pode ter um impacto ambiental local. Devido à recorrência com que esses grandes pedaços de gelo tem se formado na plataforma Brunt.

“As plataformas de gelo flutuantes da Antártica crescem gradualmente pelo fluxo de gelo e encolhem episodicamente pela separação dos icebergs. O equilíbrio entre estes dois processos têm impacto na sua capacidade de reter o gelo em terra”, Adrian Luckman.

Por isso, os pesquisadores esperam que os dados da plataforma Brunt ajudem a entender a formação de icebergs. Assim será possível prever como as plataformas de gelo se comportarão no futuro.