As indústrias que recebem energia do mercado cativo têm interesse em migrar para o mercado livre de fornecimento energético
Pelo menos 56% das indústrias que recebem energia do mercado cativo têm interesse em migrar para o mercado livre de fornecimento energético, de acordo com pesquisa inédita Sondagem Especial Indústria e Energia, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade estima que este porcentual corresponde a 45 mil indústrias que poderiam adotar o modelo imediatamente.
Em setembro do ano passado, o Ministério de Minas e Energia (MME), publicou a Portaria 50/2022, permitindo que os consumidores classificados como tarifa do Grupo A, independente do seu consumo, possam comprar energia elétrica de qualquer fornecedor a partir de janeiro de 2024. No mercado tradicional, a energia é comprada junto às concessionárias, grandes geradoras de energia.
Atualmente, cerca de 10,5 mil empresas industriais operam nesse modelo em que o consumidor negocia direta e livremente com as empresas geradoras ou comercializadoras de energia.
“O momento é de preparação por parte dessas empresas para a migração. [O ano de] 2023 será um ano para estudar o mercado, planejar e fazer contas sobre a viabilidade de ingressar no mercado livre. A estimativa é de que 45 mil indústrias têm condições de migrar a partir de 2024”, afirma Roberto Wagner Pereira, especialista em Energia da CNI.
Mercado
Contudo, a Sondagem Especial Indústria e Energia revela que 59% das grandes empresas já começaram a migrar, obtendo 52% da energia exclusivamente do mercado livre. Entre as indústrias de médio porte, 57% estão no cativo e 25% somente no mercado livre; já entre as pequenas empresas, 70% obtêm energia do mercado cativo e apenas 6% estão totalmente no mercado livre.
De acordo com estimativas da CNI, as indústrias que migrarem para o mercado livre poderão ter economia, em média, de 15% a 20% na conta de luz. “A energia elétrica contribui muito para o custo de energia. Então, acreditamos nesse mercado como potencial para a geração de energia”, avalia Pereira.
Na pesquisa, outras 59% empresas afirmaram que há possibilidade de migrar para o mercado livre. Entretanto, entre as indústrias de médio porte esse mesmo percentual foi de 61% e, entre as pequenas empresas, 48% indicaram a possibilidade de migrar.
A pesquisa mostra também que a energia elétrica é a principal fonte de energia para 78% das indústrias brasileiras. Percentual que não difere muito da pesquisa anterior, realizada em 2016, cujo índice era de 79%. Mas as demais formas de energia consumidas pela indústria, atualmente, são: óleo diesel (4%), gás natural (4%), lenha (3%) assim como bagaço de cana (2%).
“Nos últimos 12 meses, o aumento médio percentual dos gastos com energia elétrica no custo total de produção das indústrias foi de cerca de 13%. Mas para 75% das empresas, esse aumento teve impacto relevante sobre seus custos, sendo médio ou alto para 40% dessas empresas”, diz a nota da entidade.
Dados da pesquisa:
- 78% da indústria brasileira utiliza a energia elétrica como principal fonte de energia;
- 75% das empresas afirmaram que o aumento do custo de energia elétrica teve impacto sobre seus custos totais;
- 56% das empresas que estão no mercado cativo e são de alta tensão têm interesse em migrar para o mercado livre;
- 41% das empresas consideraram como alto o impacto do aumento do preço do diesel;
- 22% foi o aumento médio percentual dos custos com outros insumos energéticos no custo total de produção;
- 13% foi o aumento médio percentual dos custos com energia elétrica no custo total de produção das empresas.