Atual crise de endividamento na Americanas e Marisa evidencia problemas históricos do setor que já perdeu marcas varejistas como Mappin, Ultralar e Arapuã
A crise anunciada de endividamento pelas redes de lojas Americanas e Marisa escancarou um drama já antigo do setor varejistas no Brasil. Assim, vem sofrendo com o patamar elevado das taxas de juros, a inadimplência dos consumidores e a dependência de se endividar para manter o crescimento sustentável.
Muito dependente do consumo das famílias, o varejo nacional é formado por empresas que patinam na tentativa de obter lucro diante de uma margem baixa de retorno em meio à ampla concorrência do setor, que atualmente ainda sofre com a expansão do comércio online.
Ao mencionar que o alto endividamento das varejistas, Ferreira reforça que a taxa básica de juros no maior nível desde 2017 puxa o setor ainda mais para baixo. “Você até pode usar uma dívida para financiar crescimento, desde que retorno seja maior do que o custo do financiamento”, analisa ele.
Para Rodrigo Simões, economista e professor da FAC-SP (Faculdade do Comércio de São Paulo), outras dificuldades enfrentadas pelo setor envolvem o aumento da concorrência física e online e a situação econômica nacional.
Com todos os entraves, o comércio amargou um tombo de 2,6% somente no mês de dezembro e voltou a aperar em um nível abaixo do registrado antes da pandemia do novo coronavírus, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A situação traumática que afeta varejistas em todo o mundo, já resultou no fechamento de grandes lojas ainda presentes no imaginário dos brasileiros. Com Mappin, Arapuã, Ultralar e Mesbla, que atualmente atua apenas no ambiente digital.
Diante do cenário enfrentado pelo varejo brasileiro, parcerias e fusões se tornaram inevitável entre as empresas do setor nos últimos anos. As uniões mais recentes resultaram na criação da B2W, formada por Americanas, Submarino e Shoptime, e da Via, responsável pelas marcas Casas Bahia e Ponto.
De acordo com Simões, professor da Faculdade do Comércio de São Paulo, o movimento surge como uma alternativa para a sobrevivência e consolidação de uma varejista. “Com o aumento da concorrência, as empresas têm formado grandes conglomerados para, principalmente, atuar no comércio online”, afirma.
Sérgio Ferreira também observa o cenário como uma forma de investimento encontrada pelas empresas em meio ao ambiente adverso. “Pode ser uma alternativa, mas não sei se é uma receita válida para todas as companhias, porque cada uma tem sua particularidade”, reforça o consultor.
Simões reforça ainda, que a inserção no e-commerce traz a aposta de um custo menor para as empresas.