As experiências de professores,para que crianças aprendam a ler e escrever na idade certa serão debatidas esta semana, em Brasília, no no Seminário Nacional pela Alfabetização 2023
Municípios de 16 estados brasileiros inovaram e estão usando um sistema para garantir que crianças aprendam a ler e escrever na idade certa. Eles usam experiência, amor e dedicação numa cartilha de alfabetização diferenciada em escolas rurais e pequeninas. Os resultados positivos surpreendem.
Em Princesa Isabel, na Paraíba, Beatriz Leite Alexandre, do 5º ano, venceu as dificuldades do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Assim, com ajuda da professora Aprígia Oliveira, conquistou a alfabetização e agora consegue acompanhar a turma.
Todavia no Maranhão, cansada de ouvir que escola era um lugar chato, a professora Cineude da Silva Santos, de Centro do Guilherme, desenvolveu outro método para ensinar a ler e escrever com brincadeiras e diversão. Resultado: ninguém mais falta à aula!
“Passando o rodo”
Princesa Isabel e Centro do Guilherme são alguns dos muitos exemplos positivos da ação coletiva em prol da alfabetização de crianças.
Em Serra Talhada, em Pernambuco, a professora Poliana Pereira reagiu ao quadro que presenciou: alunos semialfabetizados. A exemplo de Cineude, com amor e dedicação, ela criou um projeto chamado “Passando o rodo”. Com palavras espalhadas no chão, o desafio é lançado.
Contudo, empolgados com a brincadeira, os estudantes se sentem desafiados a explorar as vogais e consoantes, formando sílabas e construindo palavras.
Mas Poliana disse que o melhor é ver os olhares brilhantes e as risadas de alegria dos alunos, indicando que ela estava no caminho certo. Ensinar com diversão.
“Tia, eu sei ler”
Em Timon, também no Maranhão, a professora Maria Solange Araújo, com 34 anos de sala de aula, disse ter se emocionado com um determinado aluno que se envergonhava por não conseguir acompanhar o restante da classe.
Observando o estudante, Maria Solange resolveu sentar com o garoto todos os dias no corredor da escola longe dos olhares dos demais estudantes. Assim, juntinhos só os dois, professora e aluno, desvendavam os mistérios das letras e palavras.
Um belo dia, o menino gritou. “’Tia, eu sei ler’”, contou a professora. “Somos professores, profissionais da educação. É para isso que trabalhamos”, comemorou Maria Solange.
Isso mostra que, quando se une Estado, município, professores, funcionários e comunidade, os resultados aparecem.
Experiências levadas a outros educadores
Essas e outras experiências debatidas esta semana, nos dias 19 e 20, em Brasília, no Distrito Federal, durante o Seminário Nacional pela Alfabetização 2023.
A ideia é construir programas que consigam por em prática métodos eficientes, como os que são executados em escolas de Serra Talhada, Centro do Guilherme e Princesa Isabel para afastar de vez o fantasma do analfabetismo no país.
Para quem lida com a criançada e as dificuldades cotidianas, o melhor método se sustenta no amor e na dedicação sempre.
Com o apoio do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed), da Associação Bem Comum (ABC), do Instituto Natura, da Fundação Lemann, o seminário pretende mostrar como as parcerias com estados e municípios produzem resultados eficientes na alfabetização de crianças.
O evento terá debates e trocas de conhecimentos entre especialistas, líderes educacionais e profissionais engajados na área da educação.
Outros dados
Pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, a taxa de analfabetismo no Brasil passou de 6,8%, em 2018, para 6,6%, em 2019. Embora em queda, ainda há cerca 11 milhões de analfabetos no país.
Toda e qualquer mudança social no Brasil passa pela educação, sobretudo a de base, envolvendo as crianças. A parceria entre todos os setores envolvidos e fundamental.
Se a alfabetização ocorrer na idade certa, a “sequência” do estudante é natural.