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Contra as projeções, disputa eleitoral vai para o 2º turno com diferença apertada

Lula e Bolsonaro vão ao 2º turno com pequena diferença

Equipe bolsonarista comemora resultado e agora tem pela frente quatro semanas para reverter o cenário

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o 2º turno das eleições. A votação será no próximo dia 30 de outubro, último domingo do mês. Com 99% das urnas apuradas, Lula chega a 48,4% dos votos e Bolsonaro, 43,2%, ou seja, uma diferença de quase 5 milhões de votos.

O resultado, portanto, frustra as expectativas petistas de vitória em turno único ou a ida ao 2º turno com grande vantagem. As pesquisas indicavam as duas possibilidades, e o candidato trabalhou por este objetivo nas duas últimas semanas. Do outro lado, o resultado é comemorado pela equipe bolsonarista, que tem quatro semanas para reverter o cenário.

Com a apuração, o discurso antipesquisa do presidente ganha força, e a equipe de Lula recomeça a campanha preocupada. Entre aliados e oponentes do PT, muitos interpretam que houve salto alto. Um exemplo é que na semana anterior à votação já havia especulação de ministros.

Lula pregou pelo voto útil, encabeçou uma ofensiva pelo eleitorado de Ciro Gomes (PDT) e se posicionou contra a abstenção. Artistas, intelectuais, empresários e antigos opositores começaram a declarar publicamente voto no petista nas últimas semanas. Ex-presidenciáveis, economistas e empresários se reuniram formando a chamada frente ampla pela democracia, com críticas ao presidente Bolsonaro. Dessa maneira, a ampla aliança levou otimismo à campanha.

Previsão da Campanha de Bolsonaro

Faltando quatro dias para a eleição, o PL, partido do presidente, insinuou, também sem provas, que as eleições poderiam ser manipuladas, que boletins de urnas eram passíveis de fraudes e que a cadeia de servidores, formada por terceiros, oferecia “risco substancial”.

Nas últimas semanas, o próprio presidente divulgou um suposto percentual de votos que esperava atingir na eleição. “A gente não consegue ver outra coisa a não ser as eleições serem decididas com uma margem superior a 60% [de votos nele]”, disse em sua última live. Mesmo quando liderou a apuração, Bolsonaro nunca chegou nem mesmo a 50% dos votos válidos.

Estratégias para o 2º turno

Apesar do clima de otimismo por ter chegado ao 2º turno, Bolsonaro precisa de um feito inédito, ou seja, vencer a eleição depois de terminar o primeiro turno na vice-liderança. Isso nunca aconteceu nas eleições para a Presidência.

Os dois candidatos precisam lidar com alta rejeição, de acordo com a pesquisa Datafolha, divulgada até sábado, 52% dos eleitores não votariam em Bolsonaro. Enquanto que Lula atingia o patamar de 40%. É um obstáculo contra o qual os dois lutam desde outras eleições.

Outro desafio para os dois é conquistar quem não votou neles. Lula diz que não vê problemas em negociar para ampliar sua base de apoio. Sendo assim, vai procurar outros partidos, os candidatos derrotados neste primeiro turno e novos apoiadores de setores com os quais ainda não conversou.

“Nosso barco é que nem a Arca de Noé: quem quiser viver, pode entrar”, disse o petista em entrevista coletiva. Bolsonaro tem uma equipe que ajuda a traçar as estratégias da campanha, mas, no fim, durante o primeiro turno, sempre foi o presidente que definiu o que fazer , provavelmente é isso que deve acontecer no 2º turno.

Violência eleitoral

A semana que antecedeu o primeiro turno houve uma escalada de atos de violência relacionados à eleição presidencial. A polícia investiga possível motivação política em três homicídios na última semana. No mesmo período, houve ao menos outros oito episódios graves de agressões a candidatos e eleitores em meio a atos políticos na reta final das campanhas eleitorais.

De acordo com especialistas, percebem no período eleitoral de 2022, um fenômeno de “nacionalização” de casos de agressões e até assassinatos restritos a disputas regionais nas urnas. Eleições municipais costumam ser violentas, com histórico de assassinatos em diversas regiões no país. Sendo assim, o Brasil vive a eleição presidencial mais tensa e violenta desde 1989. É um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento.”