Em pronunciamento à nação, Macron também criticou o governo Trump por se alinhar a Moscou e pela guerra tarifária: ‘A inocência dos últimos 30 anos, desde a queda do Muro de Berlim, acabou agora’
Macron também criticou a administração Trump por seu alinhamento a Moscou e pela guerra tarifária lançada contra aliados, como o Canadá. Para se contrapor a um possível projeto expansionista de Vladimir Putin, o presidente francês Macron, defendeu colocar seu arsenal nuclear à disposição de aliados do continente, como estratégia de dissuasão.
Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, a França é o único país do bloco a ter um arsenal nuclear.
Ao falar sobre os EUA, Macron disse que “quer acreditar” que o país permaneça ao lado das potências do Ocidente, mas que “é preciso estar pronto se esse não for o caso”. Ele também chamou a decisão do presidente Trump de iniciar uma guerra tarifária contra países aliados de “incompreensível”, mas que haverá uma resposta à taxação dos produtos europeus.
Trump encontra Macron e diz que foco é garantir cessar-fogo na Ucrânia o mais rápido possível
Rússia e Ucrânia estão em guerra desde fevereiro de 2022, quando tropas de Moscou lançaram uma operação por terra, mar e ar para ocupar territórios no leste ucraniano.
Os dois países já haviam entrado em confronto em 2014, após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia. Sua saída do poder ocorreu depois de uma série de protestos conhecidos como Euromaidan.
Desde então, a Ucrânia tem sido comandada por presidentes pró-Europa, com Petro Poroshenko e Volodymyr Zelensky. Logo após a Euromaidan, porém, a Rússia lançou campanhas de anexação de territórios a leste do país, começando com a Crimeia e o Donbas, onde uma maior parte da população se identifica com Moscou.
A partir de 2022, a Rússia passou a atacar outros territórios ucranianos. A Europa se alinhou a Kiev desde então, fornecendo apoio militar para Zelensky para frear o avanço das tropas russas.
Dissuasão nuclear
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as principais potências militares buscaram desenvolver arsenais nucleares como estratégia para dissuadir ataques de inimigos.
O principal objetivo de possuir uma arma do tipo não é detoná-la, mas convencer países inimigos a não realizar ataques.
A coalizão da Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares (ICAN), estima que existam 12.512 bombas nucleares no mundo atualmente. A maioria das quais nas mãos da Rússia (5.889) e dos EUA (5.224). Somadas, elas teriam o poder de acabar com a vida humana na Terra diversas vezes.
De acordo com a ICAN, a França detém 290 bombas. O projeto nuclear do país data dos anos 1950. O primeiro teste com uma explosão foi realizado em 1960, no deserto do Saara, no território da Argélia, que era uma colônia francesa na época. O país realizou 210 testes, a maioria dos quais na Polinésia Francesa, sendo que o último ocorreu em 1996.