O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou Gabriel Attal, que era seu ministro da Educação, como novo premiê nesta terça-feira (9)
Aos 34 anos, Gabriel Attal se torna o primeiro-ministro mais jovem da história moderna da França, e o primeiro homem abertamente gay indicado ao cargo graças Emmanuel Macron
Empossado durante a tarde, o primeiro movimento de Attal no novo cargo foi viajar para visitar a região de Pas-de-Calais, no norte da França, afetada por inundações recentes.
Ele substitui a primeira-ministra Élisabeth Borne, que renunciou ao cargo na segunda-feira (8). Borne se despediu do cargo com uma mensagem para as mulheres: “Mantenham-se firmes! O futuro é de vocês”.
Macron havia indicado no mês passado que faria uma remodelação no governo. A medida não conduzirá necessariamente a qualquer grande mudança política, mas sinaliza um desejo de Macron, que não tem maioria absoluta no Congresso, de tentar superar uma crise causada por medidas impopulares do ano passado, como a reforma da Previdência e a dura lei de imigração.
Attal afirmou nesta tarde que leva a educação como prioridade para o novo cargo. Assim, definiu três eixos para melhorar a economia: “Primeiro, a prioridade dada ao trabalho. Trabalhar deve ser sempre mais valorizado do que não trabalhar, enquanto a inflação, eu sei, continua a pesar na vida dos franceses. Depois, a simplificação drástica da vida das nossas empresas e dos nossos empresários. E, finalmente, devemos acionar nossos jovens, cujo talento está apenas à espera de ser expresso.”
Sua missão parece ser a de dar nova vida ao segundo mandato de cinco anos de Emmanuel Macron, iniciado em maio de 2022. Macron, sem a maioria legislativa, depende do primeiro-ministro para fazer avançar suas medidas. Na França, o primeiro-ministro aplica as ações governamentais definidas pelo presidente da República, que também o nomeia.
Lá fora
Segundo a imprensa francesa, Macron admite implicitamente que precisa da popularidade do novo premiê. O jornal Le Monde, por exemplo, destacou que o presidente “rompeu com o seu padrão habitual ao escolher um perfil político para o cargo de premiê”. Em nomeações anteriores, Macron teria, de acordo com a publicação, escolhido “altos funcionários e bons especialistas do Estado, mas depois relegados à categoria de simples colaboradores, destinados a nunca ofuscá-lo.”
Identificado com o grupo mais à esquerda do partido liberal centrista Renascimento, Attal começou sua carreira no movimento Jovem Socialista antes de mudar para a sigla de Macron. Tornou-se um nome familiar na França como porta-voz do governo durante a pandemia de Covid-19. Desde que entrou no governo, ainda como secretário do ministro da Educação, em 2018, o jovem deputado teve uma carreira considerada impecável.
Mas além de porta-voz, esteve no ministério do Orçamento e chegou ao cargo de titular da Educação em julho de 2023. Ali, sua primeira medida foi proibir a túnica muçulmana abaya, que cobre quase todo o corpo, com exceção do rosto e das mãos, nas escolas públicas. A medida lhe trouxe grande popularidade, inclusive entre eleitores conservadores.
Attal mora com o secretário-geral do Renascimento, Stéphane Séjourné, 38 anos. O casal se conheceu em 2015, assumiu o relacionamento dois anos depois e hoje tem uma união estável. Há dois meses, falando na televisão francesa, Attal contou como foi falar aos pais sobre o assunto.