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Os juros futuros negociados no mercado são um dos melhores indicadores para medir a percepção de risco do Brasil

Mercado projeta juros de dois dígitos no Brasil por 8 anos

Mercado projeta juros e o risco fiscal do país fez taxas ficarem em quase 13% até 2031

O movimento no mercado dos juros futuros (DI) nos últimos meses indica a cautela dos investidores sobre os rumos da política econômica, em especial, da política fiscal. Segundo levantamento feito pelo economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, a curva de juros futuros aponta que a taxa está em 13,678% em janeiro de 2023, sobe pouco e começa a cair lentamente em 2024 até atingir 12,862% no começo de 2031.

Depois das eleições, com a aprovação da PEC da Transição, prevendo quase R$ 200 bilhões a mais de gastos públicos este ano, e ruídos sobre a responsabilidade fiscal do novo governo, promoveram uma correção para pior na expectativa para os juros. Há 90 dias, no cenário de mercado, a taxa chegaria a 11,6% daqui a 8 anos.

Só nos últimos três meses, a curva longa dos juros subiu mais de 1 ponto percentual, um movimento considerado fortíssimo, com impactos na perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Mas os juros futuros negociados no mercado são um dos melhores indicadores para medir a percepção de risco do Brasil. Os DIs demonstram a expectativa dos investidores para taxa de juros efetiva do país no futuro. A Selic está hoje em 13,75% e os papéis com vencimentos em janeiro de 2031 estão em 12,83%. Quanto maiores forem os riscos, maiores são as taxas cobradas para financiar o setor público e o custo do crédito.

Há um ano, a previsão era melhor, porém mantendo a expectativa elevada para a Selic nos próximos anos. Em janeiro de 2021, os DIs partiam de 11,975% em 2023 e se mantinham praticamente estáveis até alcançar 11,36% em 2031. Esta diferença de mais de 1 ponto percentual deixa claro de como a percepção de risco do mercado aumentou em relação ao Brasil.

Risco fiscal

Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, afirmou que a política fiscal é o principal fator de risco do Brasil. Mas segundo ele, apenas a apresentação de uma nova regra sustentável para controle de despesas pode promover uma queda das taxas futuras.

“A composição [do arcabouço fiscal] é muito importante, contudo não adianta apresentar medidas só do lado da receita para aumentar a arrecadação. O corte de gastos, que é um ajuste mais estrutural das contas, precisa estar presente. Infelizmente, até agora, não vimos esta disposição e por isso as taxas subiram, mas a gente sabe que tem muito espaço para reduzir as despesas”, disse o economista da Ryo Asset.

Barros calcula que é possível promover um corte de mais de R$ 700 bilhões em dez anos. Ou seja, com a reforma administrativa e fusão de políticas fiscais. “Tem muita oportunidade de economia fiscal nessas duas medidas, dava para usar os recursos de forma mais eficiente”, pontua Leal de Barros.