Minas Gerais parece ter a capacidade de decidir quem leva as eleições presidenciais
Existem colégios eleitorais que são muito importantes para eleger o presidente do Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, têm grande valor; e número representativo de eleitores. No entanto, desde as eleições de 1989, é Minas Gerais que parece “prever” a vitória, já que todos os eleitos à presidência venceram as eleições presidenciais no estado.
Na realidade, desde a República Velha até o Golpe Militar de 1964, apenas uma vez um candidato saiu vencedor do pleito sem ter o maior número de votos em Minas Gerais. Getúlio Vargas, em 1950. Pesquisas eleitorais para a presidência feitas entre os mineiros na última semana apontam que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está à frente na preferência no estado.
Utilizando como recorte a redemocratização, isto é, as eleições presidenciais realizadas a partir de 1989, todos os vencedores do pleito também ganharam a preferências dos mineiros. Na primeira delas, de acordo com os dados da Justiça Eleitoral, Fernando Collor foi eleito recebendo 55% dos votos válidos no estado, ante os 44% de seu adversário.
Na eleição seguinte, em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi o preferido dos mineiros, com expressivos 64% dos votos contra 21,9% de Lula. Após instituída a reeleição, FHC tornou a vencer, em 1998, liderando o estado com 55% dos votos. Lula, neste ano, teve 28%. No ano em que Lula foi eleito pela primeira vez, 2002, ele recebeu 66,4% dos votos válidos, enquanto José Serra teve 33,5%.
Na eleição seguinte, 2006, Lula venceu novamente: desta vez, Minas Gerais deu ao candidato do PT 65% dos votos, enquanto seu adversário recebeu 34%. As duas vitórias de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, também vieram com maioria dos votos: 58,45% e 52,41%, respectivamente. Por fim, Jair Bolsonaro, eleito em 2018, recebeu 58,19% dos votos em Minas Gerais.
A eleição vencida no país e perdida em Minas Gerais
A eleição de 1950, que garantiu o retorno de Getúlio Vargas à presidência, é a única exceção desta “regra” sobre o poder decisivo de Minas Gerais. Naquele ano, o estado já era o segundo maior colégio eleitoral do país, com 17% do eleitorado.
Disputando conta o candidato de direita Eduardo Gomes, Vargas tinha a seu favor a admiração do povo, em especial das camadas menos favorecidas.
Dos 25 colégios eleitorais (24 estados e o Distrito Federal), Vargas venceu em 18. Porém, naquele ano, não venceu a eleição em Minas Gerais, que deu a Eduardo Gomes o maior percentual de votos.
O detalhe importante a ser levado em conta é a baixa diferença de votos entre eles. Gomes recebeu 441690 votos, enquanto Getúlio Vargas teve 418194. Ou seja, mesmo sendo derrota, a diferença foi pouco representativa.