A decisão de Israel Benjamin Netanyahu de assumir o controle de Gaza tem gerado reprovação internacional
De acordo com especialistas, a medida tende a enfraquecer a posição de Israel e aprofundar o isolamento internacional do primeiro-ministro Netanyahu.
Entenda!
Netanyahu afirmou que pretende tomar o controle da Faixa de Gaza, na última quinta-feira, ao canal norte-americano Fox News. Decisão foi criticada por diversos países, organismos multilaterais e pela opinião pública global. Especialistas avaliaram como a medida do primeiro-ministro israelense refletiu pelo mundo
Sobrevivência política
“Netanyahu prioriza a sobrevivência de seu governo mesmo que isso gere isolamento internacional”, afirma o professor de relações internacionais da USP Kai Enno Lehmann. Segundo o professor, a decisão faz sentido para o primeiro-ministro no curto prazo, pois ajuda a manter o apoio dos partidos que formam seu governo, especialmente os grupos de direita que querem uma atitude firme em Gaza.
É possível que essa decisão vá a isolar Israel ainda mais, mas eu não acho que Netanyahu nesse momento se preocupe com isso. Ele não está nem aí para a aceitação internacional. Ele mira a própria sobrevivência política.
“Essa decisão internacionalmente tem sido muito condenada, inclusive por aliados tradicionais como a Alemanha, como o Reino Unido e vários outros países”, afirma Lehmann. Mesmo com a evidente reprovação da maioria dos países, Israel ainda conta com o apoio de “aliados-chaves, como os Estados Unidos, que mantêm uma posição de apoio ou ambivalência”, de acordo com o professor de relações internacionais da UFF.
70% da população de Israel seria favorável ao fim da guerra com a restituição dos reféns. Já tem muitas pesquisas mostrando isso, protestos nas ruas de Israel. Teve até o posicionamento de um general de Israel, que é comandante do Estado-Maior, conjunto de Israel, se opondo a ocupação da cidade de Gaza, e isso repercutiu muito internacionalmente. A Alemanha parou de vender material bélico que o Israel possa usar em Gaza, mas os Estados Unidos continuam reforçando a aliança, especialmente a aliança Trump-Netanyahu.
Apoio a Israel vem diminuindo
Nos Estados Unidos, o apoio estratégico ainda existe, mas com sinais crescentes de desconforto em relação ao custo humanitário da operação.
“Num primeiro momento houve um apoio e uma solidariedade quase que unânime a Israel por parte da comunidade internacional logo após os atentados de outubro”, diz Pedro Costa. O professor afirma que o apoio dado a Israel vem diminuindo devido aos constantes ataques a Gaza.
Quando vieram os atentados de outubro do Hamas, Israel estava com um capital político na sua mão. Com a legitimidade e o capital político de quem sofreu um ataque terrorista e condenável, que deixou mais de mil mortos. A partir daí, eles começaram a queimar esse capital de uma maneira irreversível.