Síndrome de Münchhausen, conhecida como um distúrbio factício, pode levar o portador a correr riscos de vida
Inventar um problema médico para se ausentar do trabalho, fingir um acidente para ganhar uma ação judicial não é o mesmo que sofrer da Síndrome de Münchhausen. Isso porque esse transtorno mental apresenta um risco mais sério à integridade do portador, como explica a Mayo Clinic, uma organização de pesquisa e educação médica sem fins lucrativos.
A pessoa que deu seu nome a essa condição existiu e era conhecida como Barão von Münchhausen. Uma publicação na revista científica Scielo chamada “Síndrome de Münchhausen por procuração”, afirma que o Barão Münchhausen foi um oficial militar prussiano do século 18 que serviu como mercenário na Rússia e na Turquia. Quando se aposentou, dedicou o restante de sua vida a narrar sua história em contos de fantasia.
Esses relatos detalhados que a publicação Scielo, descreve como “mentirosos”, mais tarde deram origem a uma síndrome hoje conhecida como transtorno factício. De acordo com a Clínica Mayo, esse transtorno mental é diagnosticado quando uma pessoa “engana os outros fingindo estar doente, ficando doente de propósito ou se machucando”.
Em seu início, esse transtorno mental pode envolver tanto sintomas leves, como o exagero dos sintomas de uma doença, quanto graves. Uma pessoa com a síndrome pode até falsificar exames médicos para convencer a quem está próximo de que precisa de tratamento para uma doença que não existe de fato.
De acordo com a Mayo Clinic, isso pode significar até mesmo a busca de cirurgia sem uma necessidade real. As pessoas com transtorno factício podem “se esforçar ao máximo para esconder o engano”, diz a organização médica.
Entre outros sintomas, destacam-se os seguintes:
- Problemas médicos ou psicológicos astutos e convincentes;
- Conhecimento de termos médicos e doenças;
- Contradição nos sintomas;
- Condições que pioram sem motivo aparente;
- Buscar atendimento com vários médicos;
- Uso de nomes falsos em diferentes hospitais;
- Impedimento dos médicos falarem com pessoas próximas a quem está doente;
- Hospitalizações frequentes;
- Desejo de se submeter a exames frequentes ou operações de risco;
- Muitas cicatrizes cirúrgicas ou evidências de vários procedimentos;
- Receber poucas visitas durante a hospitalização.
Dentro da Síndrome de Münchhausen, há também situações em que uma pessoa com esse distúrbio convence outra de que esta segunda pessoa está doente.
Ainda sobre o tema, a Mayo Clinic explica que a Síndrome de Münchhausen por procuração, assim como agora também conhecida como transtorno factício imposto a outra pessoa, ocorre quando alguém “mente a respeito de outro, indicando que essa pessoa tem sinais e sintomas físicos ou psicológicos de doença.
Nesse caso, aquele que sofre com a Síndrome de Münchhausen por procuração, diz que é o outro que está doente e precisa de assistência profissional. De acordo com a fonte médica, esse transtorno mental geralmente se manifesta em pais e mães em relação a seus filhos. Mas que podem ser submetidos a lesões graves ou intervenções médicas desnecessárias.
Nesse sentido, um dos casos que se tornou conhecido nos últimos tempos é o da jovem norte-americana Gypsy Rose Blanchard. Aliás, sua história pessoal deu origem a diversos livros.
Clauddine Blanchard, conhecida como Dee Dee, era a mãe de Gypsy Rose. Assim, sofria de distúrbio factício imposto a outra pessoa, fazendo da filha a própria vítima. Durante boa parte da infância e da adolescência de Gypsy, Dee Dee alegou falsamente que a jovem sofria de diversas doenças. Sendo falsamente diagnosticada com câncer, a ponto de usar cadeira de rodas e até mesmo ter que se alimentar por sonda.
Como resultado das falsas acusações, Gypsy consumiu vários medicamentos. Além disso, se submeteu a cirurgias desnecessárias. Gypsy Rose acabou assassinando a própria mãe. Sua história pessoal é contada também em um filme documental e uma série de TV.