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Em discurso duro durante almoço de fim de ano da entidade, Isaac Sidney destacou necessidade de reformas estruturais

Os recados do presidente da Febraban para os governos

Em discurso duro durante almoço de fim de ano da Febraban, o presidente Isaac Sidney destacou necessidade de reformas estruturais

Em meio a ruídos políticos no pós-eleição que têm gerado todo tipo de incerteza nos mercados, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, fez um discurso duro no tradicional almoço de fim de ano da entidade.

Sidney procurou rebater as críticas que o setor bancário sofre de diversos segmentos da sociedade e enviou alguns recados ao governo atual e ao eleito. Vale ressaltar que o evento contou com a presença do ex-ministro Fernando Haddad, escalado para representar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos aos recados:

  1. A pauta do setor bancário não está vinculada com ideologia dos governantes

“Independentemente do governo que sai e do novo que se aproxima, nossa obsessão será perseverar na direção de os bancos funcionarem como alavanca para o crescimento sustentável”, disse Sidney.

  1. Ainda há espaço enorme para expandir a carteira de crédito

“Os bancos têm obrigação legal de ajudar o país a crescer.  Vamos continuar financiando projetos de crescimento. A chave para isso está no binômio investir crescer“.

  1. Precisamos expandir capacidade de atração do capital privado

“Sem investimentos maciços, o Brasil não chegará ao nível de crescimento de que tanto precisamos. Lembro aqui dos investimentos na área de infraestrutura, que são operações de longo prazo e execução complexa, que levam de 15 a 20 anos para maturar. [Infraestrutura] demanda grandes investimentos já na largada e que só vão gerar receitas e resultados bem depois. O setor financeiro está pronto para financiar mais investimentos, mas o crédito bancário tem limitações, sobretudo em projetos de longa duração”.

  1. Precisamos fortalecer o mercado de capitais para complementar o mercado de crédito

“O modelo que consideramos mais eficiente é quando o setor bancário consegue atuar como originador das operações e financiador das fases iniciais. Uma vez que essas fases estejam em funcionamento e gerando fluxo de caixa, os projetos precisam ser absorvidos por investimento de longo prazo via mercado de capitais”.

  1. Brasil precisa voltar a ter previsibilidade

“As regras do jogo precisam ser estabelecidas numa perspectiva de longo prazo. Investimento não dialoga com confrontos, ruídos politicos, falta de previsibilidade e falta de segurança jurídica”, disse Sidney.

A previsibilidade, de acordo com o presidente da Febraban, viria por meio de três fatores preponderantes: estabilidade macroeconômica, existência de funding de longa duração (via mercado de capitais) e ambiente de negócios caminhando lado a lado com segurança institucional.

  1. Focar nas reformas estruturais

“Mas é importante que nós voltemos a ter um caráter crível nas reformas. A cada dia que passamos sem reformas, diminuímos as perspectivas econômicas. Precisamos por fim a um modelo tributário falido e ineficiente”.

  1. Visão de que bancos gostam de juros altos é equivocada

“O que os bancos querem é economia saudável. A questão não é se juros são altos, mas porque chegaram a esses níveis. As taxas de juros precisam ser baixas, mas isso não depende apenas da vontade dos bancos. Mais de 80% do spread se deve aos custos de intermediação financeira. Mas a cada R$ 100 que pagamos de spread, o lucro do banco é R$ 20 e os outros R$ 80 se referem a custos da intermediação. Não estou pleiteando redução de carga tributária para os bancos, mas sim para o crédito. Os bancos querem, defendem e buscam redução do custo dos empréstimos, pois assim ampliamos nossa base de clientes e alavancamos a economia”.

  1. Não há política social sem o país crescer

“Crescer não é fantasia econômica, bandeira política, algo pra agradar economistas. Todavia é uma necessidade imperiosa que gera empregos e estabilidade. Mas quando ficamos estagnados, isso leva à pobreza. Portanto, o setor bancário está convicto de que Brasil deve e pode crescer a taxas mais promissoras. Assim precisamos arrumar a casa e retomar a trajetória de crescimento”.