A bancarização em massa dos brasileiros durante a primeira onda da pandemia, motivada principalmente pelo recebimento do auxílio emergencial, já tem uma pauta para day ou year after: a educação financeira.
Estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas abriram uma conta bancária no último ano. Por outro lado, existem ainda 34 milhões de pessoas não bancarizadas. Esses números representam um desafio imenso para o poder público e os próprios bancos: milhões que entraram (e outros que vão entrar) no universo dos serviços financeiros precisam ser catequizados sobre temas como juros, cheque especial, poupança e endividamento, superendividamento, entre outros. E isso sem esquecer dos bancarizados não familiarizados com os temas da educação financeira. É a hora de falarmos sobre o tema.
Antes a educação básica
A educação financeira foi tema de um painel do CIAB Febraban, evento organizado pela Federação Brasileira dos Bancos. Uma das convidadas, Ana Carla Abrão, sócia em Finanças & Risco e Políticas Públicas e head da Oliver Wyman no Brasil, falou a incipiência do debate sobre educação financeira no País e destacou o papel do poder público no tema. Mais do que isso, ela comentou sobre o protagonismo das entidades da sociedade civil organizada na educação – e não apenas financeira.
“Gasta-se muito (em educação básica) e não se consegue alcançar os resultados que o País precisa para ser mais justo. E quando falamos em educação financeira, estamos mais atrasados ainda. Hoje, esse é um papel de bancos como o Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e outros. No entanto, essas mesmas instituições financeiras também investem muito na educação básica e, no fim, isso deixa um estreitos investimentos para a educação financeira”, explica.
Karina Lima, vice-presidente de Vendas da Salesforce Brasil, outra participante do debate, disse que a internet poderia ajudar no processo de educação básica e financeira em massa. Mas o próprio acesso à rede mundial de computadores ainda é problema: cerca de 40 milhões de brasileiros não tem internet, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A educação é a libertação para o futuro, ela nos ensina a sermos autossuficientes. No entanto, educar as pessoas financeiramente depende da compreensão da linguagem usada pelos bancos e o acesso aos canais digitais”, disse.
Marta Pinheiro, diretora de ESG da XP, lembra que os avanços em educação financeira ainda são tímidos, mas é possível virar o jogo. Pinheiro falou da recente inauguração de um instituto ligado a XP e que será totalmente focado justamente em educação financeira.
“Muita gente pensa que a educação financeira está associada a matemática. Na verdade, ela está associada a comportamento saudável com o dinheiro. Muitas famílias são destruídas por causa do alto endividamento. É um tema que transcende o dinheiro e afeta milhões de pessoas”.
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