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Segundo um artigo publicado na Nature, entre 1997 e 2015 foi observado que um número cada vez menor baleias machos tem utilizado o canto para atrair fêmeas

Para atrair uma fêmea, baleias machos escolhem parar de cantar

Machos de baleias jubarte estão mudando o comportamento reprodutivo

Segundo um artigo publicado na Nature, entre 1997 e 2015 foi observado que um número cada vez menor baleias machos tem utilizado o canto para atrair fêmeas.

A mudança de comportamento parece ser uma adaptação a maior quantidade de machos da espécie, que também são atraídos pelos cantos e podem disputar o território pelas fêmeas.

O estudo analisou o sucesso reprodutivo de machos de baleia-jubarte na costa da Austrália. A equipe da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Queensland constatou que em 1997, uma baleia macho cantando tinha quase duas vezes mais chances de ser vista tentando procriar com uma fêmea do que um macho que não cantava.

Variação populacional

Até a década de 1960, a caça de baleias era permitida na costa australiana. Isso fez com que as populações desses animais quase fossem extintas. Portanto, estima-se que, na ocasião, o número de baleias-jubarte na Austrália Oriental fosse de aproximadamente 200 indivíduos. Esse número começou a subir gradualmente, chegando a pouco menos de 4 mil baleias no final da década de 1990.

Com menos machos disputando território pelas fêmeas, o uso do canto como uma estratégia reprodutiva se mostrava o mais eficiente. Porém, nos anos seguintes, o cenário mudou. Em 2015, por exemplo, o número de baleias era de 27 mil, um número próximo do que havia antes da caça às baleias.

Usando um conjunto de dados de 18 anos, foi possível verificar que, à medida que a densidade de machos aumentava com o tempo, o uso de táticas de acasalamento mudou para mais machos se envolvendo em competição física e sem canto. Cantar passou de uma tática bem-sucedida nos primeiros anos pós-caça, para um menos utilizado nos anos posteriores.

Dessa maneira, a disputa física entre jubartes costuma se expressar como golpes, investidas e tentativas de dar “tapas” na cabeça um do outro. Como isso pode causar lesões físicas sérias, os machos avaliam os custos e benefícios de cada tática.

“Os machos eram menos propensos a cantar quando estavam na presença de outros machos, comentou” Dunlop. “Cantar era a tática de acasalamento dominante em 1997, mas em duas décadas isso mudou. Entretanto, será fascinante ver como o comportamento de acasalamento das baleias continuará a ser moldado no futuro”.