O partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não apoiou a legislação, apresentada por parlamentares de fora de sua coalizão governista
Um projeto de lei que aplica a legislação israelense à Cisjordânia ocupada, o que equivale à anexação da terra que os palestinos querem para um Estado, obteve aprovação preliminar do Parlamento de Israel nesta quarta-feira (22).
A votação foi a primeira das quatro necessárias para aprovar a lei. Assim, coincidiu com a visita do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, a Israel. Ou seja, um mês depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito que não permitiria que Israel anexasse a Cisjordânia.
O partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não apoiou a legislação, apresentada por parlamentares de fora de sua coalizão governista e aprovada por uma votação de 25 a 24 dos 120 legisladores. Aliás, aprovaram por 31 a 9, um segundo projeto de lei de um partido de oposição propondo a anexação do assentamento Maale Adumim.
Alguns membros da coalizão de Netanyahu do partido Poder Judaico, do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e da facção Sionismo Religioso, do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, votaram a favor do projeto de lei, que exigirá um longo processo legislativo para ser aprovado.
Cisjordânia, linha vermelha para o Estado do Golfo
Os membros da coalizão de Netanyahu vêm pedindo há anos que Israel anexe formalmente partes da Cisjordânia. Isto é, território com o qual Israel cita laços bíblicos e históricos.
Em 2024, a mais alta corte das Nações Unidas afirmou a ocupação israelense dos territórios palestinos. Incluindo que a Cisjordânia, e seus assentamentos são ilegais e deve ser retirada o mais rápido possível.
Israel argumenta que os territórios que capturou na guerra de 1967 não estão ocupados em termos legais porque estão em terras disputadas. No entanto, as Nações Unidas e a maior parte da comunidade internacional os consideram como território ocupado.
O governo de Netanyahu vinha cogitando a anexação como uma resposta a uma série de aliados ocidentais que reconheceram um Estado palestino em setembro. Entretanto, pareceu descartar a medida após a objeção de Trump.
Os Emirados Árabes Unidos, o país árabe mais proeminente a estabelecer laços com Israel sob os chamados Acordos de Abraão, intermediados por Trump em seu primeiro mandato, alertaram no mês passado que a anexação da Cisjordânia é uma linha vermelha para o Estado do Golfo.