No ano passado, esses animais renderam ao país US$ 4 milhões, dos quais US$ 2,6 milhões foram de espécies de Peixe enviadas aos países asiático
O governo brasileiro e do Uruguai concluíram negociação para que o Brasil possa exportar peixe ornamental vivo para aquele país. Em 2024, o Brasil exportou US$ 904 milhões em produtos agropecuários para Uruguai, com destaque para carnes, produtos florestais, chá, mate e especiarias.
A abertura do novo mercado para o Brasil, que abriga uma das maiores biodiversidades de peixes ornamentais do mundo. Desse modo, gera oportunidades de incremento do comércio bilateral.
Embora pouco visível nas estatísticas oficiais e nas políticas públicas, o setor de peixes ornamentais integra a cadeia aquícola brasileira e movimenta milhões de dólares por ano em comércio internacional. Conforme a publicação técnica da Embrapa, de 2021, o mais recente grande trabalho sobre o setor, a criação e exportação desses organismos ainda enfrenta entraves estruturais no país. Mas possui elevado potencial de crescimento, especialmente com espécies nativas de alto valor agregado.
Peixe ornamental: o setor invisível do agro que pode valer milhões
Dados de exportação de 2024 mostram que o Brasil exportou US$ 4 milhões em peixes ornamentais. Mas segundo o Mapa, dos quais US$ 2,6 milhões de animais enviados aos países asiáticos. Lá atrás, em 2014, de acordo com os dados apresentados no estudo da Embrapa, o Brasil chegou a exportar US$ 13,8 milhões em peixes ornamentais. Mas esse valor caiu pela metade em dois anos, fechando 2016 com US$ 6,57 milhões.
Mesmo assim, o país ainda figurava como o 14º maior mercado exportador mundial. Com cerca de 1,89% de participação no mercado global, que movimentou US$ 347 milhões naquele ano.
Os principais polos de produção incluem a Zona da Mata de Minas Gerais, Mogi das Cruzes (SP) e áreas do Amazonas e Pará. Com destaque para espécies como tetra-cardinal, acará-disco, acará-bandeira, arraias e cascudos. Essas espécies, muitas vezes são coletadas de forma extrativista na Amazônia e revendidas por valores baixos a atravessadores e depois comercializadas no exterior por preços até cem vezes maiores.
Segundo a Embrapa, um dos exemplos mais emblemáticos é o cascudo-royal L-27, vendido no Brasil por US$ 4 a US$ 8. E revendido em Portugal por até US$ 460 por exemplar.
Pets mais populares do mundo
Ainda assim, o setor enfrenta desafios como a falta de linhas de crédito específicas, ausência de estatísticas atualizadas. Dificuldade na regularização legal e desalinhamento normativo entre órgãos ambientais e de produção.
O documento aponta que o Brasil possui 725 espécies nativas e 501 espécies exóticas autorizadas para cultivo ornamental, somando 1.226 possibilidades legais. No entanto, estima-se que mais de 1.200 espécies nativas brasileiras ainda estejam fora do mercado por falta de regulamentação, o que evidencia um potencial subexplorado dentro da aquicultura nacional.
O crescimento do aquarismo, que movimenta entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões por ano no mundo, segundo fontes citadas na obra, é um indicativo claro de oportunidade. Peixes ornamentais são os pets mais populares do mundo, superando cães e gatos em número de indivíduos mantidos em domicílios.
A Embrapa defende que a aquicultura ornamental deve ser tratada como atividade agropecuária estratégica. Ou seja, com foco na produção em cativeiro de espécies nativas, incentivo à capacitação técnica e consolidação de uma legislação unificada. “A aquicultura mostra-se como opção sustentável para atender à ainda reprimida demanda de mercado internacional”, diz o texto técnico.