Defesa de Elves de Bem Crescencio afirma que ele atuava conforme regras do balonismo desportivo e era instrutor
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), informou que o piloto do balão que caiu em Praia Grande, no sul de Santa Catarina, no último sábado (21), causando a morte de oito pessoas e deixando outras 13 feridas, não possuía licença de Piloto de Balão Livre (PBL), exigida para voos certificados.
Segundo o órgão, o balão também não era uma aeronave certificada.
A Anac esclareceu que atualmente não há operação de balões certificados para transporte de passageiros no Brasil. As atividades realizadas em Praia Grande ocorriam sob a regulamentação do aerodesporto, que permite voos por conta e risco dos participantes.
A prática é normatizada pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC), que não exige certificação de aeronavegabilidade e não prevê habilitação técnica específica.
A agência destacou que, antes do acidente, em 6 de junho, realizou reuniões com representantes do setor turístico da região, incluindo Sebrae, Ministério do Turismo e Prefeitura de Praia Grande, para discutir o crescimento da atividade de balonismo e os requisitos para operações certificadas.
Em resposta, a defesa do piloto Elves de Bem Crescencio contestou a informação da Anac. Segundo o advogado Clovis Rogério Scheffer, Crescencio é piloto instrutor de voo e possui cadastro de aerodesportista junto à Anac. Ele acumula mais de 700 horas de voo e tem participação em competições de balonismo.
Inquérito e principal linha de investigação
A defesa afirmou ainda que todas as aeronaves operadas pela empresa Sobrevoar Serviços Turísticos, estão devidamente cadastradas no órgão, dentro da categoria de voos desportivos.
De acordo com o relato do próprio piloto à Polícia Civil, o incêndio que provocou o acidente teria começado após uma falha no maçarico auxiliar usado para acender a chama principal do balão.
Ao perceber a situação fora de controle, Crescencio ordenou que os passageiros saltassem. Treze pessoas conseguiram pular antes de o balão voltar a subir com as oito vítimas que não conseguiram desembarcar. Praia Grande, conhecida como “Capadócia brasileira”, registra cerca de 100 voos diários na alta temporada.
A Polícia Civil de Santa Catarina abriu inquérito e a principal linha de investigação aponta para uma falha técnica no sistema de ignição do balão.