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Medida anunciada pelo Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, estava prevista como parte do processo de dissolução do Parlamento - Foto: Wikimedia/CC

Presidente da Alemanha dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas para 23 de fevereiro

Medida anunciada pelo Presidente Frank-Walter Steinmeier nesta sexta (27) estava prevista como parte do processo de dissolução do governo alemão após parlamentares aprovarem moção de desconfiança contra chanceler Olaf Scholz

Em pronunciamento em Berlin, Steinmeier disse estar “convicto de que novas eleições o caminho certo para o bem da Alemanha”. O presidente da Alemanha também justificou a dissolução do Parlamento, uma medida excepcional, ao afirmar que “especialmente em tempos difíceis, como agora, é necessário um governo estável capaz de agir e com maiorias confiáveis no Parlamento”.

O governo de Scholz colapsou após ele ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner, em novembro. Com isso, o partido de Scholz, os Democratas Livres (FDP), deixaram o governo, fazendo com que o chanceler perdesse a maioria no Parlamento e mergulhando a Alemanha em uma crise política.

Steinmeier afirmou ainda que, após as eleições, a resolução de problemas deve voltar a ser o foco principal da política alemã e do novo governo. A Alemanha tem um regime parlamentar, em que o chanceler é o chefe de governo e o presidente tem funções protocolares.

O voto de desconfiança do governo Scholz desencadeou oficialmente o início da campanha eleitoral, com o desafiante conservador Friedrich Merz. Portanto, as pesquisas apontam como favorito para substituir Scholz, criticando o governo atual por impor regulamentações excessivas e sufocar o crescimento econômico.

Os conservadores têm uma vantagem confortável de mais de 10 pontos sobre o Partido Social-Democrata (SPD) nas principais pesquisas. A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita, aparece ligeiramente à frente do SPD, enquanto os Verdes ocupam o quarto lugar.

Embora os partidos tradicionais se recusem a formar governo com a AfD, a presença do partido complica a aritmética parlamentar, tornando mais prováveis coalizões instáveis e difíceis de gerenciar.

Voto de desconfiança e crise política

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, teve um voto de confiança contra seu governo aprovado pelo Parlamento de seu país em 16 de dezembro. O resultado, já esperado por conta de Scholz ter perdido a maioria legislativa, consolidou o colapso de seu governo.

Um total de 394 deputados votaram para dissolver o governo atual, contra 207 que votaram pela manutenção de Scholz, enquanto 116 se abstiveram. Uma moção de confiança é votada quando parlamentares sentem a necessidade de reavaliar o governo, no caso de países parlamentaristas ou semiparlamentaristas.

Scholz já sabia da falta de governabilidade quando perdeu a maioria no Parlamento, por isso ele mesmo pediu que os deputados votassem a moção de confiança, o que abriria caminho para eleições antecipadas na Alemanha, em fevereiro de 2025.

Alemanha não votava uma moção de confiança desde 2005

Mesmo derrotado na moção de confiança, Scholz permanecerá no cargo até a constituição do novo Parlamento a partir da eleição.

O colapso do governo Scholz marca um momento incomum para a Alemanha. Esta será apenas a quarta eleição antecipada nos 75 anos desde a fundação do estado moderno alemão.

O governo de Olaf Scholz é composto por uma coalizão entre social-democratas, ecologistas e liberais. Após a demissão, os outros ministros liberais do governo anunciaram renúncia, deixando o gabinete de Scholz sem maioria no Parlamento Federal.

A queda do governo na maior economia da União Europeia ocorre em um momento de tensões elevadas com a Rússia por conta da guerra na Ucrânia. E segue a tendência de outros países do bloco, como a França.

A Alemanha não votava uma moção de confiança desde 2005, quando o então chanceler Gerhard Schröder convocou e perdeu o voto.

À época, o voto como parte de uma estratégia para antecipar eleições, foram vencidas por uma margem estreita pela desafiante de centro-direita Angela Merkel.

As pesquisas mostram que o partido de Scholz, os Social-Democratas, que ocupam 207 assentos no Bundestag, está atrás do bloco de centro-direita da União, liderado pelo opositor Friedrich Merz. O vice-chanceler Robert Habeck, cujos Verdes estão ainda mais atrás nas pesquisas, também está concorrendo ao cargo de chanceler.

A Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita que está com boa colocação nas pesquisas, nomeou Alice Weidel como sua candidata a chanceler. Entretanto, não tem chances de assumir o cargo, pois os outros partidos se recusam a trabalhar com ela.