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Falta de ajuste correto da dosagem do antibiótico também aumenta risco do surgimento de microorganismos resistentes às medicações  

Quase 90% dos hospitais brasileiros usam antibióticos em excesso, entenda

Falta de ajuste correto da dosagem do antibiótico também aumenta risco do surgimento de microrganismos resistentes às medicações  

Uma pesquisa mostrou que médicos de 87,7% dos hospitais brasileiros prescrevem as dosagens de antibióticos por tentativa e erro, acendendo o alerta sobre o uso excessivo ou ineficaz desse tipo de medicamento. O estudo foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) como parte da campanha “Será que precisa? Evitando a resistência antimicrobiana por antibióticos e antifúngicos”.
Outro problema identificado foi a falta de ajuste correto da dosagem de antibióticos, uma falha constatada em um a cada cinco hospitais. Isso aumenta, contudo, o risco do surgimento de micro-organismos resistentes às medicações. No total, o Instituto Qualisa de Gestão (IQG), ouviu profissionais de saúde de 104 unidades públicas e privadas em todo o país.

“Todos os indicadores reforçam a urgência de políticas públicas robustas. Precisamos, urgentemente, combater o uso indiscriminado de antibióticos”, afirmou a presidente do IQG, Mara Machado.

Problema de saúde pública

Por ano, 48 mil pessoas morrem por infecções resistentes no Brasil, totalizando mais de 1,2 milhão de mortes até 2050. “São riscos desnecessários que poderiam evitados com maior controle. Os hospitais possuem as comissões de controle de infecção hospitalar, mas existem muitas falhas”, ressaltou a infectologista coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da SBI, Ana Gales.

A resistência antimicrobiana considerada uma crise “silenciosa” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo superar o número de mortes por câncer nos próximos cinco anos. O problema, portanto, pode tornar cada vez mais difícil tratar infecções comuns, como urinárias, pneumonias e ferimentos cirúrgicos.

Automedicação com antibióticos é coisa séria

No ano passado, uma pesquisa da SBI mostrou outro lado do problema. Ou seja, 24,5% dos brasileiros usam antibiótico por conta própria, uma ou mais vezes por ano. A dor de garganta é o principal motivo, com 62,4% das citações. Em seguida, o resfriado e gripe, sinusite, ardência ao urinar, tosse, dor muscular e dor de cabeça.

Os dados também indicam que mais da metade da população (55,5%) desconhece o fato de que há possibilidade do desenvolvimento de resistência bacteriana aos antibióticos. E apenas 30,9% sabem que o medicamento em questão combate somente as bactérias. As farmácias de bairro, com estrutura menor, e as que não fazem parte das grandes redes, foram os principais locais citados para driblar a prescrição médica.

“A pesquisa traz um panorama de vida real de desinformação e um viés de comportamento que colocam os antibióticos como uma questão sensível. E isso pode ser atribuído a vários motivos, como conceito equivocado de que o antibiótico resolve tudo”, explica Ana Gales, infectologista e coordenadora do comitê de resistência antimicrobiana da SBI.