Mato Grosso possui um rebanho bovino com mais de 34 milhões de cabeças e, segundo a pecuária, o estado precisa “urgentemente” de políticas efetivas
A pecuária, tanto de corte quanto a de leite, mato-grossense e brasileira pedem socorro. A pontuação é da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) diante do cenário atual de preços da arroba abaixo dos custos de produção, somado ao baixo poder aquisitivo da poulação, insegurança no campo e a insegurança jurídica.
Mato Grosso é detentor de aproximadamente 15% do rebanho bovino brasileiro. Em quantitativo de bovinos levantado durante a campanha de atualização de estoque de rebanho, realizada entre 1º de maio e 15 de junho deste ano, conforme o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea-MT), foi constatado um volume de 34.473.643 animais no estado.
O volume de bovinos abatidos em agosto de 2023 chegou a 581,51 mil em Mato Grosso. Foram cerca de 54 mil (10,4%) animais a mais que no mês anterior. Em agosto de 2022, o número total de abates foi de 461,54 mil cabeças.
Em artigo divulgado nesta quinta-feira (14), o presidente da Acrimat, Oswaldo Ribeiro Junior, pontua. “Pode parecer inacreditável um setor tão forte e importante da economia brasileira pedir socorro”, salienta.
O presidente lembra que o ciclo pecuário é de altas e baixas no mercado e que todo pecuarista tem conhecimento disso e “vem tentando sobreviver, com planejamento, investimento e muita eficiência, mas, atualmente nos deparamos com outras inúmeras variáveis que estão conseguindo tirar muitos produtores da atividade”.
Acrimat busca soluções para mitigar problema
De acordo com Oswaldo Ribeiro Junior, a entidade vem trabalhando em busca de soluções que possam mitigar os problemas enfrentados pelos pecuaristas mato-grossenses.
Entre as resoluções procuradas está a redução de taxas, estimulo à abertura de novas, bem como pequenas plantas frigoríficas, abatedouros municipais. Além de campanhas de estimulo ao consumo da carne bovina, na orientação e educação continuada de milhares de pequenos e médios produtores. E abertura de cooperativas de produtores e até mesmo formação de pools de venda de animais e compra de insumos.
Produtor não determina o preço
O presidente da Acrimat reafirma, ainda, que não é o pecuarista quem determina o preço da arroba do boi no momento da venda.
Oswaldo Ribeiro Junior ressalta que “há pouco tempo a Acrimat juntamente com o IMEA fez um levantamento para saber quem estava ganhando no mercado da carne que envolve os pecuaristas, os frigoríficos e o varejo e ficou evidenciado que o grande beneficiado era o varejo”. Porém, “com a acentuação da queda do preço da arroba do boi, os frigoríficos também passaram a ter lucros bastante significativos. Sobrando o prejuízo para o produtor principalmente nesses últimos dois anos”.
Redução da taxa para abates de fêmeas
O presidente da Acrimat destaca ainda que foi solicitado ao governo de Mato Grosso “desde janeiro deste ano a redução da taxa de abate das fêmeas. Sendo que cujo valor, apesar de mais leves e mais desvalorizadas, é exatamente o mesmo dos machos. Uma medida lógica, justa e legal seria esse ajuste. As taxas de abate também não trabalham com a oscilação do mercado. Assim não flutuam conforme os preços, pelo contrário são reajustadas de acordo com a inflação, aumentando cada vez mais o buraco no setor produtivo”.
Oswaldo Ribeiro Junior frisa: “por fim acreditamos no mercado livre, mas antes de tudo acreditamos no mercado justo”.