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Novos hábitos: a relação entre a comida e as funções imunológicas

Alimentos a base de plantas, mais controle do peso estão entre os novos hábitos dos consumidores após pandemia, diz estudo

O tema da relação da comida com as funções imunológicas do ser humano vem de longa data. Cá entre nós: nossos antepassados já sabiam disso. Entretanto, diante do atual cenário ganhou ainda maior importância. Não faltam especialistas pela internet, nas mídias sociais e nos livros dizendo que os alimentos ativam as defesas de nosso organismo e são a melhor arma para nos mantermos saudáveis.

Parece óbvio, mas vivemos numa sociedade que se entope de remédios. E a indústria farmacêutica cria alternativas sintéticas de proteger o organismo e consumir vitaminas. Sendo que há alimentos para todos os tipos de necessidades do organismo e que protegem o sistema imunológico do ser humano. O corpo é uma “máquina” perfeita, Sabe o que fazer. Só temos que permitir que ele realize seu trabalho. E darmos “elementos”, comidas funcionais, para ele desenvolver seus mecanismos. Há processos desencadeados pela alimentação que curam.

Cura de doenças: relação comida e funções imunológicas

Segundo o médico e pesquisador, William W. Li, o primeiro deles é a angiogênese, termo utilizado para descrever o mecanismo de desenvolvimento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes. A angiogênese é um processo normal de cura, por exemplo, de um ferimento, mas também está ligado à propagação de enfermidades como o câncer.

Depois que o tumor se forma, precisa de nutrientes e oxigênio para se disseminar, por isso envia sinais químicos que estimulam o crescimento de novos sanguíneos – para transportar o sangue que vai nutri-lo. É por isso que, no tratamento contra a doença, medicamentos bloqueiam a angiogênese. Os alimentos com essas propriedades: tomate, soja, chá verde e chocolate amargo, acima de 80%.

O segundo sistema de defesa é o da regeneração, que tem por trás as células-tronco, capazes de se transformar em outros tipos de células.
E o terceiro sistema, a microbiota: os trilhões de bactérias que ajudam a digestão, influenciam a angiogênese e têm papel fundamental no sistema imunológico, controlando os níveis de inflamação.
 Pesquisa recém-divulgada na revista científica “Science” ratifica sua importância: uma dieta rica em gorduras danifica células da parede do intestino e produz um tipo de metabólito que contribui para a doença cardiovascular. Disbiose é o termo para o desequilíbrio da microbiota. Alimentos amigos? Iogurte, brócolis, cogumelos, um kiwi por dia.
O quarto sistema é o DNA que, além de ser nosso código interno, nos protege contra os danos causados por um leque de fatores, entre os quais estão estresse, agentes químicos e radiação. Peixes, nozes e frutas podem reforçar sua atuação.

Relação de comida e funções imunológicas

Por fim, o sistema imunológico é a grande barreira do organismo. O médico faz uma lista dos alimentos que chama de “grand slams”, que beneficiam os cinco sistemas: manga, pêssego, damasco, cenoura, berinjela, couve, brócolis, nozes, além dos citados.
Embora dietas sejam pessoais, ele calcula que uma xícara de mirtilos por semana seja suficiente para diminuir os riscos do câncer de mama, assim como estima que 11 nozes semanais previnam o câncer de cólon. Mesmo sabendo que a alimentação sozinha não dá conta de tudo, é um bom começo. Bem mais divertido (e saboroso) que engolir pílulas.
O médico e pesquisador William W. Li, autor do best-seller “Comer para vencer doenças”

Indústria do alimento e produtos a base de plantas 

Por outro lado, já há uma indústria pronta para atender estas demandas. Fabricam proteínas funcionais concentradas, texturizadas e isoladas para atender a indústria de alimentos e bebidas e atual demanda por alimentos que ajudem mais as funções do organismo.

Uma demanda que cresceu com a  pandemia de Covid-19. Esse momento histórico trouxe mudanças na vida da população mundial, entre elas novos hábitos no consumo de alimentos. Neste “novo normal”, portanto, cresce a preocupação entre a relação dos alimentos com as funções imunológicas do corpo. Ganha-se espaço na mesa os produtos a base de plantas, a nutrição personalizada e o foco se volta para um maior controle de peso.

Essas são algumas conclusões de uma pesquisa conduzida pela Archer Daniels Midland company (ADM), chamada de “Outside Voice”, para entender as tendências e o que impacta no comportamento do consumidor e influencia a indústria alimentícia como um todo.

A companhia é, nesse sentido, uma das maiores empresas do agronegócio do mundo. Atua na comercialização e processamento de grãos; fabrica óleos vegetais, ingredientes e insumos para a indústria alimentícia e de nutrição animal e biodiesel.

Moderno complexo industrial de proteína de soja na América Latina

Em Campo Grande, a ADM tem uma planta projetada par ser o maior e mais moderno complexo industrial de proteína de soja na América Latina. Na unidade são produzidas proteínas funcionais concentradas, texturizadas e isoladas para atender a indústria de alimentos e bebidas.

O presidente de Nutrição Humana da ADM Latam, Roberto Ciciliano, diz que a empresa está constantemente ouvindo os consumidores e que a principal ferramenta para isso são pesquisas próprias, onde são identificadas as tendências e mudanças no comportamento, como as provocadas pela crise sanitária.

Pesquisa da ADM identifica mudança em hábitos dos consumidores provocada pela pandemia

Mudanças comportamentais com a comida relação comida imunológicas

“Em uma de nossas pesquisas identificamos seis principais mudanças comportamentais, que no fundo representam oportunidades para que os fabricantes de alimentos e de bebidas ganhem mais participação de mercado em um ambiente de negócio cada vez mais incerto”, explicou.

As principais mudanças de hábitos identificadas na pesquisa conforme Ciciliano foram:

  • Um foco crescente na saúde intestinal e na conexão com a função imunológica;
  • Os alimentos à base de plantas se tornando cada vez mais um integrante dos cardápios dos consumidores;
  • Uma nova perspectiva de controle de peso e saúde metabólica;
  • Maior equilíbrio entre o autocuidado, bem-estar emocional e nutrição;
  • Nutrição personalizada e
  • Mudanças de valores no momento que o consumidor executa a compra.

Para responder a essas novas tendências, o presidente de Nutrição Humana da ADM Latam, diz que a empresa tem investido no desenvolvimento de novos produtos na linha “plant plus foods”. “São produtos com ótimo sabor e textura. Utilizam nossas soluções de proteína, extratos botânicos, cores naturais e soluções para o micro bioma humano”.

Cenário pós-pandemia – relação comida e imunologia

Ciciliano aponta que o caminho das empresas, principalmente as do segmento de alimentação, no cenário pós pandêmico é de estarem atentas as demandas dos consumidores.

“Acredito que todos os setores vão enfrentar de diferentes maneiras o cenário de pós pandemia. Um exemplo, no entanto, é o setor de alimentos, que vem experimentando o crescimento de novos segmentos. Como mencionei, o de plant-based – que são produtos 100% base vegetal e natural, cresceu absurdamente esse ano e projeta crescimento entre 12% e 14% anual na próxima década. Creio que a fórmula para encontrar o caminho é continuar muito atento aos consumidores, ouvi-los e adaptar-se as tendências, procurar estar um passo à frente delas, com foco para responder de forma adequada aos desejos e necessidades dos consumidores e sempre de forma sustentável”.