Justiça elencou possíveis transtornos da ferrovia pela área urbana de Rondonópolis
O temor de verem suas casas sendo sacudidas pela ferrovia, carregados de soja e outros produtos não existe mais, após decisão da juíza Milene Aparecida Pereira Beltramini, que suspendeu o licenciamento ambiental da empresa ferroviária Rumo em Rondonópolis.
Conforme alegação de ação pública respaldada pela Prefeitura de Rondonópolis, o traçado original da passagem da ferrovia pelo perímetro urbano, sofreu alterações que complicam a vida dos habitantes da cidade.
Os trilhos – até então restritos à periferia de Rondonópolis, procedentes de Alto Taquari, região do Vale do Araguaia – ligariam o município rondonopolitano a Lucas do Rio Verde, Médio Norte do Estado.
Além de suspender o licenciamento ambiental, a decisão exige que a Rumo interrompa imediatamente as obras em curso, sob pena de multada diariamente em R$ 50 mil reais. O prazo para que isso se cumpra é de 60 dias.
Conforme a Rumo expôs em nota, a empresa acatou rigidamente todos os parâmetros técnicos e legais referentes a essa obra. Afirmou que, por enquanto, não notificada oficialmente, e a partir daí analisará tal questão.
Audiências Públicas
A construção dessa ferrovia representa avanço inestimável para o agronegócio. Serão mais de 700 quilômetros de trilhos, atravessando 16 municípios. O valor do projeto está orçado em R$ 12 bilhões. Mais audiências públicas devem acontecer em setores diversos para que essa interrupção seja reavaliada.
Uma das grandes vantagens apontadas no ato da operacionalização da ferrovia é de promover descongestionamento nas rodovias do Estado. Grande percentual da carga, atualmente feita por caminhões, pode ser substituída pelos vagões, chegando mais rapidamente ao destino.
Um dos pontos polêmicos dessa obra, trecho habitado por povos indígenas, região dos Boe-Bororo, das terras Tadarimana e Tereza Cristina é que a ferrovia passa bem no miolo da área.
A suspensão da licença ambiental da empresa responsável continuará até que haja interação com os povos originários. Além da exigência do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU). Também a Fundação Nacional do Índio (Funai) obrigada a intervir.