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O convite a Tarcísio de Freitas foi feito pela comunidade brasileira que reside em Israel. A viagem tem forte simbolismo político

Tarcísio de Freitas visitará Israel em meio à crise diplomática de país com governo Lula

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aceitou um convite para visitar Israel no próximo dia 18, em meio à crise diplomática

O convite ao governador Tarcísio de Freitas foi feito pela comunidade brasileira que reside em Israel. A viagem tem forte simbolismo político. Tarcísio não tem perdido oportunidades de se apresentar como um herdeiro natural do bolsonarismo, tendo em vista que o ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No ato pró-Bolsonaro do último dia 25, realizado na Avenida Paulista e marcado pela expressiva presença das bandeiras de Israel, o governador fez um discurso de exaltação ao ex-presidente e disse que ele “não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, ele representa um movimento”.

Na sexta-feira passada, 8, Bolsonaro afirmou que recebeu um convite direto do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para visitar o país. O ex-presidente, porém, precisa de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para deixar o Brasil. Alvo de investigação por suspeita de participar de um plano para um golpe de Estado, Bolsonaro está com o passaporte retido. O advogado e assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten, afirmou ontem que a defesa ainda não havia entrado com o pedido no Supremo.

Governadores

A viagem de Tarcísio é diferente da que o ex-presidente pretende realizar. O convite, ao qual o Estadão teve acesso, feito pela organização Kehilat Or Israel, que também convidou outros governadores e prefeitos para integrar a delegação. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, disse que não poderia ir, pois tem outros compromissos agendados. Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, também rejeitou o convite – sua assessoria de imprensa declarou que ele “segue em agenda intensa no Estado”.

A reportagem procurou a assessoria de Ronaldo Caiado (União-GO), que não se manifestou. Nos bastidores, no entanto, ele tem indicado que aceitará o convite para a agenda em Israel. Os governadores convidados são oposição a Lula.

O convite enviado pela Kehilat Or Israel diz que a viagem pretende permitir a visita e o registro dos resultados do ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, e que os governadores e prefeitos entendam os impactos sociais e econômicos causados pela guerra.

Está prevista também a participação da delegação em encontros realizados em colaboração com as Forças de Defesa de Israel, representantes oficiais e especialistas no conflito e na geopolítica do Oriente Médio. A viagem deve durar do dia 18 até o dia 23 de março.

Sociedade Civil

A embaixada afirmou ainda que o governo de Israel não tem familiaridade com o conteúdo das reuniões porque não está organizando a delegação. “As organizações civis em Israel podem solicitar reuniões com funcionários do governo para discutir assuntos do seu interesse”, disse o órgão. A entidade fundada em 2016, tem como sede a cidade de Raanana, localizada a 20 quilômetros de Tel-Aviv.

Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que Lula afirmou em fevereiro que “o que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”. Como resposta, o governo israelense declarou o presidente como persona non grata até que ele se desculpe.

O presidente não recuou da declaração e, assim como outros representantes do governo, reiterou que considera que Israel comete genocídio em Gaza. O embaixador do Brasil em Israel ainda não retornou ao seu posto depois de ter chamado de volta por Lula como resposta às críticas israelenses.

Para a maioria dos brasileiros, Lula exagerou na afirmação sobre Israel, e aprovação do presidente sofre queda.

Um dos motivos apontados para o resultado negativo é a declaração sobre Israel, já que há uma associação entre o país e os evangélicos brasileiros. Segundo a Quaest, 60% dos brasileiros consideram que a comparação feita por Lula exagerada. A percepção de que o presidente exagerou é ainda maior entre os evangélicos (69%).