Trump x Kamala: Medidas do partido republicado podem refletir em dólar mais forte, enquanto governo da democrata tende a trazer mais regulamentação para empresas
Olhos de todo o mundo estão voltados aos Estados Unidos nesta terça-feira (5), dia da eleição de Trump x Kamala pelo comando da maior economia do mundo. As expectativas com a disputa pela Casa Branca mexeu com os mercados nos últimos dias. Foram apontadas por analistas como um dos motivos que levaram o dólar a superar níveis não vistos há mais de quatro anos no fim da semana passada.
A disputa ganha um peso extra de atenção dos mercados diante das margens mínimas vistas pelas pesquisas entre o republicado Donald Trump e a democrata Kamala Harris. Apesar de apostas do mercado estarem mais inclinadas à vitória do ex-presidente.
Para os analistas, uma vitória do republicano dificultaria o combate à inflação do país. Assim, trará na esteira juros mais pressionados pelo Federal Reserve (Fed) e dólar fortalecido.
Por outro lado, o trunfo da atual vice pode gerar um cenário de maior regulamentação ao mercado.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica que Trump promete aumentar as tarifas para alguns produtos importados. Sobretudo os chineses, e diminuir as regulações. Com isso, a tendência é que as empresas sejam favorecidas, e isso reflete na bolsa.
Na mesma linha, o gestor de bolsa macro do ASA Hedge, Diego Chumah, avalia que, com uma inflação mais alta, há uma maior oferta de petróleo nos EUA e um menor crescimento global. Isso resulta em um petróleo mais fraco.
Ciclo de afrouxamento monetário, seria benéfico para a bolsa brasileira
Em contrapartida, com uma possível vitória de Kamala Harris, o estrategista da Avenue, diz que a população americana pode esperar mais regulação. Bem como, mais taxas para as empresas, o que acaba sendo negativo para as corporações e para a bolsa.
Nesse sentido, o gestor da ASA Hedge avalia, com a eleição da democrata, como uma continuação do panorama atual, possibilitando que Fed continue com um ciclo de afrouxamento monetário, seria benéfico para a bolsa brasileira.
Além disso, o especialista espera que ocorra também a continuação de um apoio de agenda verde e incentivos para a indústria de semicondutores e inteligência artificial (IA).
No entanto, para os investidores, Alves ressalta que não se deve posicionar suas aplicações com base em movimentações de curto prazo.
Com isso, independente do resultado das eleições, ele destaca que já existem dois vitoriosos: a economia americana e o dólar.
Setores beneficiados com vitória de Trump
Para Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, em um cenário com vitória de Trump, setores de exportação de commodities tendem a se beneficiar.
Com isso, Bohnert dá destaque para as ações de SLC Agrícola e BrasilAgro, que podem ter um aumento na demanda por grãos brasileiros.
Ela também cita o setor de mineração e siderurgia, como Gerdau, que pode se beneficiar das tarifas impostas aos produtos chineses. Aumentando os preços do aço.
Por fim, aproveitando a valorização do dólar, Bohnert avalia que Braskem também pode ser uma boa opção de investimento.
Apesar disso, ela pontua que os investidores devem sempre considerar o contexto econômico mais amplo. Portanto, estar preparados para ajustar suas estratégias à medida que as circunstâncias evoluem.
Setores em destaque com possível eleição de Kamala
No cenário inverso, se Kamala Harris vencer as eleições, o investidor pode considerar algumas estratégias e ativos que tendem a se destacar com base nas políticas e prioridades da administração da candidata, de acordo com Bohnert.
Com isso, ela acrescenta que a demanda por minerais necessários para a transição energética. O níquel e o cobalto, pode impulsionar mineradoras brasileiras, entre elas a Vale, que figura um dos ativos com potencial de valorização.
Empresas expostas ao processo de transição energética também podem se beneficiar de um possível governo da democrata, diz a especialista.
Além disso, para o gestor de bolsa macro do ASA Hedge, a vitória de Kamala também poderia beneficiar o setor de commodities, com o real mais valorizado. Com isso, ele destaca que os investidores devem ficar de olho nos setores mais sensíveis à taxa de juros, como as empresas do setor elétrico.