A produção agrícola brasileira na safra de 2021/2022 deve subir 5,7% em relação ao do último biênio; em virtude do aumento à dinâmica favorável das exportações e ao clima da região Centro-Oeste. Esse aumento, como explica Souza, faz com que a demanda por diesel cresça; já que é um combustível fundamental na produção e no escoamento dos produtos, realizado majoritariamente por caminhões.
Produção nacional consegue atender 70% da demanda interna
Para ele, o resultado vai depender se a economia mantiver o ritmo. “Mesmo com as dificuldades observadas, como o choque de oferta por conta da crise da guerra, a gente entende que a demanda por diesel vai acompanhar também. Existe, ainda, a produção agrícola que afeta bastante a demanda pelo combustível”, acrescenta o economista.
Porém, essa forte demanda acontece em um momento de baixa oferta mundial de diesel; sobretudo pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, que é um dos principais produtores desse combustível.
Existe, então, um temor que o Brasil sofra com desabastecimento de diesel, já que, por não ser autossuficiente, ainda depende muito de importações. Para Sérgio Araújo, presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis); o risco da escassez se dá justamente porque disparidade dos preços internos e externos. “A Petrobras trabalha com preço muito abaixo dos valores da importação e, dessa forma, as importadoras não conseguem trazer o diesel”, explica Araújo.
Atualmente, a produção nacional consegue atender 70% da demanda interna; ou seja, 30% de todo o diesel utilizado do país deve ser importado, o que cria dificuldades; caso o preço interno seja mais baixo do que o praticado no exterior; porque as importadoras de combustível compram mais caro do que vendem e têm prejuízo.
Cálculos da Abicom
A Abicom calcula que a defasagem no preço já chega a 18%, cerca de R$ 1,08 por litro do combustível; o que segundo o presidente da associação “é muito prejudicial para a economia como um todo; em outras palavras, isso inibiria investimentos e não iria gerar renda e emprego para a população”.
Por outro lado, elevar o preço do diesel pressiona a inflação; já que o efeito de espalhamento é muito grande justamente por estar atrelado à produção industrial e agrícola e aos transportes.
Porém, de acordo com Sergio Massillon, porta-voz da Brasilcom, não reajustar o preço tem um efeito econômico grave, o que não pode acontecer. Segundo ele, “é necessário que a Petrobras cumpra o que vem alardeando ao mercado, isto é, manter seus preços em alinhamento com o mercado de importação”. Dessa forma, o problema de oferta, ao menos a curto prazo, terá uma solução.