A morosidade das contratações de crédito rural Pronaf, tem preocupado o setor dos agricultores familiares
Agricultores familiares relatam dificuldade na contratação na liberação de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Assim, as contratações do Plano Safra já ultrapassaram R$ 115 bilhões em quase 4 meses de lançamento. Até o momento, dos R$ 60 bilhões disponíveis para financiamentos pelo Pronaf, só cerca de 22 bilhões foram captados pelos bancos.
As contratações do Plano Safra já ultrapassaram R$ 115 bilhões em quase 4 meses de lançamento. A informação é de um levantamento da assessoria de política agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a Contag, junto ao Banco Central.
Desde o fim de agosto, novas contratações de linhas do Pronaf de investimentos e de custeio, com taxas de juros prefixada de até 6% ao ano -, estão suspensas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em razão do comprometimento total dos recursos disponíveis, segundo comunicado no site da instituição. Assim como a morosidade referente a contratações de crédito rural por pequenos agricultores tem preocupado entidades do setor.
As idas ao agente financeiro estão mais frequentes e sem sucesso
Lideranças sindicais estão acompanhando os produtores nas agências e recebem a confirmação dos responsáveis pela carteira agrícola de que ainda não há liberação de valores.
“Eles confirmaram que esse ano, está sendo um ano atípico com relação a disponibilização de crédito rural. Estão com dificuldade de liberação de equalização dos recursos. Têm produtores que não estão conseguindo fazer seguro por conta da não liberação do recurso, portanto, desestimula e muito o agricultor. Pois ele já está sendo penalizado por várias questões climáticas, de mercado”, diz Márcio José Serenini, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Tomé, no Paraná.
Valdinei Franco é produtor de hortifruti e está na atividade há 12 anos. Mas precisou pela primeira vez contratar recursos do Pronaf para investimentos na atividade. Dessa forma, conta que as idas até o agente financeiro estão cada vez mais frequentes e sem sucesso.
“Tem dinheiro, mas o recurso não tá liberado. Não se consegue liberar para distribuir para os agricultores. Então a gente fica cada vez mais desanimado, porque já é difícil a gente estar trabalhando nessa área. A gente chega lá e perde tempo do serviço e vai isso e vai aquilo. Já perdi as contas de quantas vezes eu fui no banco e nada”, desabafa.